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terça-feira, dezembro 15, 2009

NA MINHA OPINIÃO

A NOSSA VACA.
Publicado em O Diário do Amapá em 17 de Outubro de 2009
Pablus Virgilius nasceu em 70 e morreu em 19 a.C, foi o maior poeta romano da época, o único a escrever somente sobre o meio rural. Invoco-o a propósito do Fórum dos Governadores havido em Macapá, primeiramente admitindo que Jesus possa te-lo lido bastante para se inspirar em suas pregações sempre ligadas ao produtor rural: vinhateiro, trigo, joio, ervas daninhas, sementes caídas em terra boa, uvas, vara de porcos, colheitas, azeite, vinho, grão de mostarda, etc. Depois porque, ele, Virgilio, acreditou piamente que o apicultor Aristeu era capaz de gerar espontaneamente novas abelhas a partir da carcaça putrefata de uma vaca.
Tantos anos depois o nosso Virgilio é o ministro Minc, poeta das florestas (?). Como Jesus pode ter lido o poeta romano o presidente Lula pode estar ouvindo muito o ministro Minc sobre a tese do desmatamento zero que pretende pregar no “monte Copenhague”, no reino da Dinamarca.
Parece que o presidente acha que no Brasil só há desmatamento na Amazônia, esquecido dos outros cinco biomas nacionais. Para ele pode estar parecendo que a Amazônia brasileira é uma vaca putrefata capaz de seqüestrar sozinha todo o carbono do mundo.
Desmatamento zero por aqui em principio parece significar que só o Brasil tem a grande floresta úmida e que os vinte e cinco milhões de habitantes amazônicos estão em franca descendência existencial, com extinção marcada para 2050.
Mas a realidade dos fatos pode estar se dando ao contrario desde os poemas épicos de Virgilio. Projeções estatísticas apontam para 42 milhões de habitantes na Amazônia em 2050, necessidade de incremento de 70% na produção de alimentos para este contingente populacional, novíssima tecnologia de produção à disposição dessa população., tudo embalado nas paginas dos tratados científicos circulantes que já indicam que o albedo da floresta fechada é muito negativo, que as arvores das ruas (ruderais) são mais eficazes do que as florestas nativas na captura de carbono e que, as arvores velhas (mais 45 anos) fazem o seqüestro a um rítimo muitíssimo lento, quem sabe com menos valia que a imobilização do carbono na forma de moveis e de peças de madeira para a construção civil.
A maioria dos relatórios científicos recentemente produzidos – com destaque para a “escola” australiana - diz que a captura de carbono, transformado em lenho, só se dá na fase de crescimento da árvore. Em florestas maduras como a amazônica isso só ocorre na árvore nova que estiver substituindo uma madura que “morreu”.O caso Amapá é realmente especial não porque 97% de sua área florestada (não área total territorial) se achem em excelente estado de conservação (não é preservação), mas porque essa porção florestal está no meio do mundo, com noites e dias do mesmo tamanho. Caso em que, trocando em miúdos, todo o oxigênio que a floresta produz durante o dia, ela mesma consome durante a noite.
Portanto a floresta equatorial depois de adulta é um ciclo fechado de produção e consumo de carbono... como a vaca de Aristeu.
Nota: Amanhã é dia dos médicos, todos eles merecedores dos nossos respeitos e votos de que vivam um grande dia, comemorem bastante a Residência Médica, a Faculdade de Medicina, a Academia de Medicina.

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