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quinta-feira, janeiro 14, 2010

09 JAN 2010 - CRÔNICA DO PROFESSOR MUNHOZ II

CRÔNICA DO PROFESSOR MUNHOZ* – 09/01/2010




Terminamos o programa da semana passada (02/01/2010), implorando ao Sr.Prefeito que não acabe com a historia da cidade, trocando o nome das ruas, que é um desrespeito àqueles que deixaram seus nomes para a posteridade. E usei uma expressão que repito agora: “Que não se tire a roupa de um santo para cobrir outro”. Vamos respeitar o passado, porque um dia todos seremos o passado, que hoje nós menosprezamos.

Não temos absolutamente nada contra as homenagens, elas são justas, mas não em detrimento do que já existe., dou um exemplo: por muitos anos, na Presidente Vargas, morou uma das pessoas mais integras que já conheci. Por sinal, foi minha primeira grande amiga, nesta cidade, a Professora Ester Virgolino.

Pois bem, quiseram mudar o nome da rua onde residiu? Nada! Há 50 anos moro na Coriolano Jucá, tendo só no Hotel Sto. Antonio residido 49 anos, três meses e três dias. Se eu morrer de uma hora para outra, já que estou com 74 anos, é justo mudar o nome da avenida, onde por meio século resido? De jeito nenhum.

O Sr. Prefeito ao mudar o nome de uma avenida importante, afirmou que outras famílias também recebiam sua homenagem. Concordo, mas não destronando figuras importantes do passado. Ainda usando palavras do Sr. Prefeito, que afirmou que demonstrava o interesse do município em manter viva a historia, eu pergunto: que história? A passada ou a atual?

E lembro de uma definição dos romanos: “Historia magistra vitae est”. A historia é a mestra da vida. E com essa farra de mudanças de nomes de logradouros públicos, não aconteça de um prefeito futuro fazer o que fez um de São Luiz do Maranhão: que volte tudo como era antes. Está certo, história não é estória.

E uma ex aluna, hoje respeitável matrona mãe de muitos filhos, vendo-me sair do Correio, esta semana, me disse: “Profº. Munhoz, há pouco, lembrei muito do senhor, e Paris, visitando o Museu do Louvre. Era como se ainda estivesse assistindo a suas aulas no Colégio Amapaense”. E com entusiasmo me falou da “Vitória de Samotrácia”, a “Vênus de Milo” e a “Mona Lisa”, três das mais celebres obras de arte de todos os tempos que aquela instituição reúne e protege.

Para quem não sabe, o edifício que abriga o museu, nasceu no final do século XII e foi a sede da monarquia francesa desde a dinastia medieval dos Capetos até Luiz XIV, que tomaria ainda uma decisão fundamental para a transformação do palácio em museu em 1678, ao decidir abandona-lo para ir morar no Palácio de Versalhes.

O Museu do Louvre é tão grande que, para exibir seu rico acervo fora dos limites de Paris, resolveram criar “sucursais” e uma delas funcionará em Abu Dhali, nos Emirados Árabes Unidos, em prédio de Jean Neuvel. Outro Louvre será em Leens, interior da França, um projeto do escritório japonês Sanaa. Os dois devem ser entregues em 2012.

Algumas obras-primas do Louvre são, por exemplo: “São Francisco recebendo os estigmas”, de Giotto; “Belthsabée no banho”, de Rembrandt; “Mulheres da Argélia da Argélia em seus aposentos”, de Delacroix e o “Escriba Sentado”, estátua milenar do Egito Antigo, entre outras, além da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, a grande sensação do museu.

E em companhia de minha amiga Consolação Corte, estive visitando a Profª. Wanda Jucá, perto de seus 90 anos, hoje morando com seu irmão, o amigo Meton. Recebidos com as honras de estilo, passamos horas lembrando a educação de outrora, com os mestres que hoje são pura história. A Profª. Wanda Jucá é um dos nomes mais importantes da nossa educação, tanto na direção de estabelecimentos de ensino, como em atividades em salas de aula, lecionando a nossa língua pátria, “a ultima flor do Lácio”, como dizia Olavo Bilac.

Com o Meton tivemos a oportunidade de falar de um tempo que já parece tão longínquo, mas cujos frutos estamos aproveitando no momento, pois os alunos de outrora são as autoridades de hoje no campo da política, do direito, da medicina, das artes em geral.

Com referencia a tantos nomes, lembramos Elicio Martins, ainda no jornalismo e de quem lembro, num ato de generosidade em relação a mim, quando escreveu na Voz Católica, há tantos anos, que “aqui em Macapá ninguém ousa fazer qualquer movimento de cultura sem a sua participação. Seria uma falta de bom senso”.

E por falar em Profª. Wanda Jucá, não podemos esquecer outra mestra quase sexagenária, a Profª. Risalva Amaral, no momento internada no Hospital São Camilo; a Profª. Risalva é outro nome de respeito do nosso antigo magistério.

E uma vez que estamos recordando nomes de projeção da nossa cidade, lembro de que faz poucos anos, morreu aqui, no inicio de janeiro, a maior anfitrioa da nossa sociedade: Dona Leila Ghammachi, aquele que sabia receber com tanta classe e distinção, a ponto de o amigo Vidal Bezerra, de Lisboa, afirmar que seria certo coloca-la no rol das hostess internacionais. E também quero transmitir à Profª. Zaide Soledade pelo almoço de quinta-feira, os agradecimentos do Oberdã, do Renato e do Saraiva. Foi um autentico banquete de inicio de ano, onde a par da melhor culinária nossa, havia a grande amizade da querida mestra, tendo faltado a Socorro.

Precisamos aproveitar todos os minutos da vida, jamais deixando para depois o que se pode fazer agora. Aproveitar enquanto se tem saúde e vida, pois a morte é às vezes traiçoeira.

Dos que morreram na Pousada de Angra dos Reis, no primeiro dia do ano, quem delas pensava na morte? Em como não sou de pedra nem de barro, vou dar uma voltinha daqui a pouco, dormindo em Salvador, na Bahia. Vou rever algumas de suas belezas, de seu acervo artístico, que é um dos maiores do Brasil, mais as 27 coleções de balangandãs em prata do Museu Costa Pinto, e a maior coleção particular de arte sacra do Brasil, de Abelardo Rodrigues, no andar nobre do Solar Ferrão, valioso prédio da arquitetura civil do período colonial.

E a maravilha que é o Cristo, de Francisco Manoel das Chagas, o Cabra, no Museu do Convento do Carmo, etc.

Mas não quero deixar de falar de um aspecto triste de alguns dos nossos policiais militares, na tarde de 3ª feira, 05, sem a mínima ética ao abordar no caso uma cidadã, sobrinha da Dra. Deuzucélia, minha dentista. Sua sobrinha, a Nara Góes, foi tratada sem o mínimo respeito por dois policiais militares, um homem e uma mulher, precisando ambos de um curso sério e prolongado de relações humanas, pois não sabem abordar um cidadão. Todos somos cidadãos e merecemos respeito por parte de quem quer que seja. Será que é preciso recorrer à justiça? Que tipo de policiais nós temos?.

*-Professor – Membro do Conselho Estadual de Cultura – Ancora do Programa Radiofônico “Debate Positivo” – 102.9 FM.

Macapá, 14 jan 2010.

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