Translate

terça-feira, janeiro 26, 2010

O PENSADOR QUE NOS AJUDA DIARIAMENTE



Ernest Renan

Ernest Renan foi um filósofo, historiador e escritor francês. Sua vasta bibliografia compreende livros sobre ciências naturais, traduções e ensaios filosóficos.
1 - 25 do total de 30 pensamentos de Ernest Renan
Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.
O que faz que os homens formem um povo é a lembrança das grandes coisas que fizeram juntos e a vontade de realizar outras.
O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar.
No fundo, sinto que a minha vida é sempre governada por uma fé que já não tenho. A fé tem isto em particular: mesmo quando desaparece, continua a agir.
A ciência permanecerá sempre a satisfação do desejo mais alto da nossa natureza, a curiosidade; fornecerá sempre ao homem o único meio que ele possui de melhorar a própria sorte.
O chamado deus dos exércitos está sempre do lado da nação que tem a melhor artilharia, os melhores generais.
A imoralidade é a revolta contra um estado de coisas de que se está a ver o logro.
Daria tudo quanto sei para ser o jovem tenente dos dragões adorado por todas as damas da guarnição.
A alegria e o trabalho são duas coisas sãs e que atraem reciprocamente.


O talento do historiador consiste em compor um conjunto verdadeiro com elementos que são verdadeiros apenas pela metade.
A verdade será um dia a força. «Saber é poder» é a mais bela divisa que alguma vez se disse.
O homem vale na medida da sua capacidade de admirar.
Um mundo sem ciência é a escravatura, o homem fazendo girar a mó, submetido à matéria, equiparado à besta de carga.
São as ideias que conduzem o mundo.
Só devemos escrever acerca daquilo que gostamos.
A mulher que se embeleza cumpre apenas a sua obrigação.
Um queria fazer de Jesus um sábio, outro, um filósofo, outro ainda, um patriota, outro, um homem de bem, outro, um moralista, outro, um santo. Não foi nada disso. Foi um encantador.
Uma pátria compõe-se dos mortos que a fundaram assim como dos vivos que a continuam.
O mais vulgar dos alunos sabe agora verdades pelas quais Arquimedes sacrificaria a vida.

A estupidez humana é a única coisa que dá uma ideia do infinito.
É próprio da fé esperar contra a esperança.
Os maiores acontecimentos da minha vida foram alguns pensamentos, leituras, alguns pores-do-sol em Trouville à beira-mar e palestras de cinco a seis horas consecutivas com um amigo que agora é casado e está perdido para mim.
Os golpes da adversidade são terrivelmente amargos, mas nunca estéreis.
O grande general é aquele que triunfa e não aquele que deveria ter triunfado.
Uma escola onde os alunos mandassem seria uma escola triste. A luz, a moralidade e a arte serão sempre representadas na humanidade por um conjunto de mestres, uma minoria que guarda a tradição do verdadeiro, do bem e do belo


Felicidade
Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor
REVISTA ÉPOCA
Esse episódio foi assim narrado por um historiador: "Demóstenes invejou a glória de Calistrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de vencida". Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pôde, processou seus tutores. Ganhou a causa. Mas estava ainda longe de ser notável. Um dia, desanimado, desabafou com um amigo ator. Gente bem menos preparada que ele provocava melhor impressão nas pessoas. O amigo pediu-lhe que recitasse um trecho de Eurípedes ou de Sófocles, dois gigantes do teatro grego. Demóstenes recitou. Em seguida, o amigo leu o mesmo trecho, com o tom dramático de um ator. Era a mesma coisa, e ao mesmo tempo era tudo inteiramente diferente. Demóstenes montou então uma sala subterrânea na qual se enfiava todo dia por demoradas horas para treinar, treinar e ainda treinar. Chegava a raspar um dos lados da cabeça para não poder sair de casa e, assim, praticar sem parar. Para aperfeiçoar a dicção, Demóstenes punha pequenas pedras na boca enquanto falava. Fazia também parte de seu treinamento declamar em plena corrida. Olhava-se num grande espelho para ver se sua expressão causava impacto. Treinamento. Hábito. As recomendações de Aristóteles fizeram de Demóstenes um dos maiores oradores da História da Humanidade.
Outra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas, é lidar bem com a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com o medo da morte recorria a Sêneca. Não por acaso. Ninguém se deteve de forma tão profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte. Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que te espantes, aprender a viver não é mais que aprender a morrer". Sêneca pregava o desprezo pela morte. Não por morbidez ou por pessimismo. É que quem despreza a morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror supremo da humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre do medo de morrer", escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava", disse outro sábio da Antiguidade.
Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os romanos tinham o seguinte provérbio: "Memento mori". Que quer dizer: lembre-se de que vai morrer. Não há como escapar. E no entanto nos atormentamos o tempo todo por algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento contínuo nos impede de viver bem. Outro romano, Lucrécio (c. 98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está, não estou. Onde estou, a morte não está". Encontramos uma maneira similar de lidar com a morte nas filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do budismo, vivia perto de um cemitério para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na morte", escreveu Montaigne. "Isso é uma demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos pensamos na morte, mais somos assombrados por ela.
Sêneca evocou com freqüência a bravura de personalidades históricas diante da morte. Sócrates, perante a perspectiva de tomar cicuta, manteve a calma e o humor. Consolou os discípulos em vez de ser consolado, episódio que Platão, o maior deles, registrou em sua obra-prima, Fédon. "Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte", disse Sócrates na hora da execução de sua sentença, segundo Platão. "Qual dos dois destinos é melhor, ninguém sabe." Sêneca mostrou a mesma bravura das pessoas que tanto citou. Acusado de conspiração, recebeu do tirano romano Nero, de quem tinha sido preceptor, a sentença de se matar. Na perpétua instabilidade da sorte, Sêneca passara de homem forte do reinado de Nero (antes que este ficasse louco) a renegado. Como Sócrates, confortou os amigos e familiares que o cercavam desesperados no momento derradeiro. Cortou os punhos e se deixou levar serenamente. 



Sêneca 
(4 a.C.-65 d.C.) 

Seguidor do estoicismo, pregava o desprezo pela morte. Para ele, assim se vivia melhor. Evocava a bravura de personalidades históricas diante da morte, como fez Sócrates, que serenamente bebeu cicuta para cumprir sua sentença. Também ele recebeu a sentença de se matar, do imperador Nero





Aprenda a lidar com a idéia da morte 

Uma pessoa afetada na maneira de falar é afetada em outras coisas. Fale com simplicidade. Silêncio também é bom. "A palavra expõe-nos os mais pesados castigos", disse um sábio."Maas o silêncio jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço de nobreza"


Demóstenes 
(384 a.C.-322 a.C.) 

Grego, deixou o legado do poder do esforço. Pela persistência nos treinos, aprendeu a falar em público. Tornou-se um dos maiores oradores da História


Veja o lado bom do envelhecimento 

"Todos os homens desejam alcançar a velhice, mas ao ficarem velhos se lamentam", escreveu Cícero. "Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a idade. A rabugice e o amargor são deploráveis em qualquer idade



Pensar na morte, para tirar dela o poder aterrorizador, também era recomendado por Marco Aurélio, que comandou o mundo no último grande momento de Roma. Marco Aurélio foi um imperador filósofo, como sonhava Platão. Como imperador, nos primórdios da Era Cristã, Marco Aurélio conduziu uma Roma já ameaçada pelos bárbaros a um derradeiro período dourado. Como filósofo, escreveu, em geral em acampamentos de guerra, reflexões para si próprio, frases curtas e profundas que giravam sobre a efemeridade da glória e da vida. Um discípulo, depois da morte de Marco Aurélio, juntou-as num livro ao qual deu o nome de Meditações. O pensador francês Ernest Renan (1823-1892) disse que os seres humanos estariam sempre de luto por Marco Aurélio. Sugestão do imperador filósofo para o começo de cada dia: "Previna a si mesmo ao amanhecer: vou encontrar um intrometido, um mal-agradecido, um insolente, um astucioso, um invejoso, um avaro".
Marco Aurélio é útil para uma infinidade de situações cotidianas. Somos extraordinariamente suscetíveis à idéia da glória, e é um convite ao bom senso ouvir, a esse respeito, quem foi o dono do mundo. A arrogância, mostra ele, sustenta-se apenas na ignorância e na ilusão. "Cada um vive apenas o momento presente, breve. O mais da vida, ou já se viveu ou está na incerteza. Exíguo, pois, é o que cada um vive. Exíguo, o cantinho da terra onde vive. Exígua, até a mais longa memória na posteridade, essa mesma transmitida por uma sucessão de homúnculos morrediços, que nem a si próprio conhecem, quanto menos a alguém falecido há muito." Marco Aurélio legou à posteridade exemplos memoráveis. Descoberta uma conspiração e executado sem seu conhecimento o traidor, ele lamentou a perda da chance de perdoá-lo. Entregaram-lhe a correspondência do conspirador. Ele queimou-a sem lê-la. Sua atitude diante da discórdia é inspiradora. Estamos a toda hora brigando com alguém e sendo tomados por sentimentos de rancor e aversão. Em suas anotações, Marco Aurélio disse com majestosa sabedoria: "Sempre que você se desentender com alguém, lembre que em pouco tempo você e o outro estarão desaparecidos". Evite brigar. Evite confrontos. Não alimente rancores. Tudo isso é pregado pelos filósofos. "O homem sábio nunca tem maldade e sempre esquece as injustiças de que é vítima", escreveu Aristóteles. Você é teimoso numa discussão? Gosta de comprar briga? Pense na seguinte frase de Montaigne: "Teimar e contestar obstinadamente são defeitos peculiares às almas vulgares. Ao passo que voltar atrás, corrigir-se, abandonar uma opinião errada no ardor da discussão são qualidades raras das almas fortes e dos espíritos filosóficos".
Tão forte como o medo da morte, para a humanidade, é o pesadelo do envelhecimento. Há uma luta inútil e muitas vezes patética pela juventude eterna. Muitos filósofos se detiveram sobre o tema e se esforçaram por nos ajudar a lidar melhor com a passagem do tempo. Um deles foi Cícero (106 a.C.-43 a.C.). Cícero enumera as vantagens desprezadas da velhice. Na dedicatória, ele diz: "Senti tal prazer em escrever que esqueci os inconvenientes dessa idade; mais ainda, a velhice me pareceu repentinamente doce e harmoniosa". Cícero começa por um fato incontestável: "Todos os homens desejam alcançar a velhice, mas ao ficarem velhos se lamentam. Eis aí a conseqüência da estupidez". Depois ele toca num ponto crucial: uma vez que a sorte instável ora nos ergue e ora nos derruba, o que muda mesmo é a maneira com que cada um de nós lida com sua cota de infortúnios. Afirma Cícero: "Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a idade, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade".
Cícero é mordaz e divertido. Quando toca na questão da alardeada perda de memória dos anciões, ele contrapõe: "A memória declina se não a cultivamos ou se carecemos de vivacidade de espírito. Os velhos sempre se lembram daquilo que os interessa: promessas, identidade de seus credores e devedores etc.". Permanecer intelectualmente ativo é uma forte recomendação dele. Cícero lembra que, no fim da vida, Sócrates aprendeu a tocar lira. "Acaso os adolescentes deveriam lamentar a infância e depois, tendo amadurecido, chorar a adolescência? A vida segue um curso preciso e a natureza dota cada idade de suas qualidades próprias. Por isso, a fraqueza das crianças, o ímpeto dos jovens, a seriedade dos adultos, a maturidade da velhice são coisas naturais que devemos apreciar cada uma em seu tempo." Cícero acende uma luz para a humanidade ao ajudar a enxergar a velhice sob um aspecto menos negativo. Acender luzes, para nos ajudar na busca de felicidade, é a missão dos filósofos - os eternos amigos da humanidade.

Nenhum comentário: