edição 76 - Fevereiro 2010
Gutenberg não inventou a imprensa
O mérito de ter publicado a primeira obra com a ajuda de caracteres móveis é desse famoso artesão europeu, cujo feito deixou o mundo extasiado. Certo? Errado?
por Olivier Tosseri
O alemão Johannes Gutenberg (c. 1400-1468) não inventou, mas sim “reinventou” a imprensa no século XV. A técnica de imprimir com caracteres móveis é, na verdade, asiática, e muito mais antiga. Tudo começou com a criação do papel, obra de chineses no ano 105 da era cristã. O novo material abriu caminho para uma produção, ainda artesanal, de maior número de livros, que se tornaram práticos para manusear e muito mais baratos.
Já existiam a gravura em pedra e a cópia manual. Surgiu, então, a xilografia, praticada principalmente na China e, depois, na Coreia e no Japão do século VII. Os orientais usavam uma prancha de madeira para gravar imagens e textos, que podiam ser reproduzidos por estampagem.
A técnica foi aperfeiçoada no século XI, com ensaios de impressão por meio de caracteres móveis, só que de terracota. Problema: eles não podiam ser reutilizados, o que tornava o sistema caro e trabalhoso. Entre 1041 e 1048, os caracteres foram aprimorados pelo chinês Bi Sheng, ferreiro e alquimista. Mas o custo elevado e a necessidade de mão de obra numerosa continuaram a atrapalhar o desenvolvimento dessa forma de imprimir.
Quase 200 anos depois, a Coreia tomou a dianteira no processo, já com incentivo público. Os caracteres móveis metálicos se disseminaram, e, em 1377, foi publicado o primeiro livro impresso nesse padrão. Diferentemente dos demais países, o governo local seguiu atento ao potencial do invento.
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