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segunda-feira, abril 19, 2010

IRÃ E CORÉIA DO NORTE: ALERTA!

Além de Nostradamus



José Sarney (Da equipe de articulistas)

Nada ameaça mais o futuro da humanidade do que as armas nucleares. Tenho sido sempre um militante desta causa. Não somente com palavras, mas com ações e decisões. Eu e Alfonsín retiramos a América Latina dessa corrida alucinada quando encerramos a questão nuclear Brasil-Argentina. Foi de minha iniciativa, enquanto Presidente, a Resolução da ONU que transformou o Atlântico Sul em Zona de Paz, livre do tráfego de armas nucleares.

O Irã, ao recusar sistematicamente o controle da Agência Internacional de Energia Atômica, confessa que seus fins pacíficos não são tão pacíficos. Ele está localizado numa área de extrema sensibilidade, e suas posições chegam ao fanatismo. Sua busca de enriquecimento de urânio capaz de produzir artefatos nucleares está acoplada a um programa de mísseis de longo e médio alcance, o que torna bastante suspeito o radicalismo de sua resistência às inspeções.

A conduta da comunidade internacional sobre o controle de armas atômicas tem que ser dura. Hoje já temos um arsenal capaz de destruir a Terra e todo ser vivo nela existente. Não precisamos espe-rar o choque com um meteoro gigante. A loucura do próprio homem pode — e será inevitável se não tratarmos este assunto como o maior de todos os problemas — nos levar ao juízo final.

É de louvar o messianismo de Obama ao colocar como prioridade das prioridades de sua presidência evitar que o mundo cami-nhe para o descontrole nuclear. Já fomos longe demais. O desmantelamento da União Soviética e o posterior período de anarquia que viveram a Rússia e os demais países que a compunham levou a escapar para o contrabando internacional urânio enriquecido capaz de cons-truir bombas. Só os países que possuem armas nucleares se calcula que detêm 1.600 toneladas de urânio enriquecido, além de 500 toneladas de plutônio, outro produto capaz de servir à proliferação de artefatos nucleares.

A Agência Internacional de Energia Atômica, segundo jornais europeus, já flagrou quinze casos de furto de plutônio e urânio enriquecido. Isto significa que os controles, com todos os rigores que tem, foram incapazes de evitar esses desvios. A possibilidade de esses materiais caírem em mãos de terroristas é cada vez maior.

Houve um tempo, quando estes números eram menores e o fim do mundo não estava na cogitação da humanidade, que admitimos não assinar o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear). Hoje não cabe na cabeça de ninguém essa hipótese. Dentro desse quadro Irã e Coréia do Norte são perigos iminentes. Essas armas em mãos de fanáticos são a tragédia anunciada, além de tudo que viu Nostradamus.



José Sarney

Foi governador, deputado e senador pelo Maranhão, presidente da República, senador do Amapá por três mandatos consecutivos, presidente do Senado Federal por três vezes. Tudo isso, sempre eleito. São 55 anos de vida pública. É também acadêmico da Academia Brasileira de Letras (desde 1981) e da Academia das Ciências de Lisboa

E-mail: jose-sarney@uol.com.br

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