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segunda-feira, maio 24, 2010

DISSE O DR. WAGNER GOMES

Vale o Escrito - Aos companheiros do PT

Nesta ocasião, trago aos meus leitores a “Carta” escrita pelo ex-Deputado Federal e membro do PT (Partido dos Trabalhadores) Lourival Freitas, por entender que retrata o pensamento da maioria dos filiados do partido do Presidente Lula:

Considerações sobre as alianças no Amapá (2010)

Quando, no início de 2006, o PT decidiu participar do governo Waldez (PDT), escrevi minha opinião e enviei para vários companheiros no Amapá.

A participação no governo, ocupando alguns espaços nas secretarias e principalmente na CEA, significava tacitamente um apoio à reeleição do Waldez.

Aquela situação nos engessava e nos impedia de seguir outro rumo caso não fosse possível uma coligação formal com o PDT, devido as restrições da legislação eleitoral (verticalização). O meu temor era que o PT ficasse sem alternativa e tivesse que, de última hora, improvisar uma candidatura ou disputar apenas as eleições proporcionais.

De fato o PDT lançou Cristovam Buarque como candidato a presidente, portanto inviabilizando a coligação com PT, pois Lula era o nosso candidato.

Aconteceu pior do que eu temia. O PT, impedido de coligar com o PDT, mas já tendo o compromisso de apoiar o Waldez, resolveu de forma magistral lançar um candidato laranja chamado Erroflyn. Nem o verdadeiro astro conseguiria convencer a população da seriedade da sua candidatura. Ele fingia que era candidato enquanto a direção do partido e os ocupantes de cargos no governo, participavam dos eventos da campa-nha do Waldez.

O Erroflyn é o símbolo do papel secundário e subalterno que o PT começou a desempenhar desde a eleição de 2006.

É incompreensível que depois de elegermos os prefeitos de Macapá, Santana e Serra do Navio, em 2004, e ocuparmos um espaço importante na política local e nacional, fossemos obrigados a aceitar uma rendição do PT aos interesses pessoais de alguns mandatários que pensando no imediatismo de seus mandatos, condenaram o partido a um papel auxiliar dos interesses do PDT, comprometendo o futuro do Partido.

Este fato é a demonstração clara que passou a vigorar a lógica do salve-se quem puder, e como puder. Os interesses coletivos e partidários ficaram submetidos aos interesses individuais que, utilizando-se dos espaços no governo trabalharam apenas para a obtenção de um mandato, desvinculado de qualquer projeto coletivo e partidário. De fato, em 2006 redu-zimos a nossa bancada a apenas um deputado estadual e uma deputada federal.

O desempenho pífio da candidatura do PT (Dalva) na eleição municipal de 2008, grande parte é reflexo do efeito Erroflyn. Muitas vezes fui questionado se a Dalva não seria o Erroflyn II. Será que ela não vai desistir para apoiar o Roberto? Se todos fazem parte do governo só podem estar fingindo ser candidatos, mas no final estarão todos do mesmo lado.

Na realidade o que a população percebeu era que o governo tinha 4 candidatos. O Roberto Góes era o principal e os demais coadjuvantes.

Como a eleição em Macapá historicamente sempre é polarizada entre um candidato do governo e um da oposição, o resultado não poderia ser diferente: o candidato Camilo Capiberibe, do PSB, disputou o segundo turno contra o candidato do governo Roberto Góes.

O apoio do PT ao candidato do governo, Roberto Góes, no segundo turno, só confirmou aquilo que a população já desconfiava, mostrou a impotência do PT e escancarou a nossa submissão a um projeto de poder dos deputados que comandam a Assembléia Legislativa do Estado.

Mesmo perdendo a prefeitura da capital, o PT ainda tem força em Santana, a segunda maior cidade do Estado, Serra do Navio e Ferreira Gomes. Este capital político não pode estar a serviço da reedição do papel lamentável que desempenhamos em 2006 e em 2008. Ou reagíamos agora ou estaremos condenados a ver um novo Erroflynn ( O retorno ) em 2010.

Participando de um bloco de aliança com o PDT e PP, ao PT estará reservado um papel subalterno na política local. Parece que nos contentamos apenas com os cargos que ocupamos na máquina estatal como se isto fosse a garantia de reeleger nossos dois parlamentares (Dalva e Joel). Não temos nenhuma referência de política pública que possamos demonstrar ao eleitorado como uma marca de nossa admi-nistração. Ao contrário, as referências que se fazem às administrações petistas são negativas.

A nossa política de aliança neste ano de 2010, não pode e não deve, se resumir a um ato de desespero para salvar os dois únicos mandatos parlamentares que nos restam. Sei que é cômodo para os detentores de mandatos parlamentares, ficarem quietos com os seus espaços no governo e apoiar o candidato que nos dá esta benesse. É tudo que nos resta?

Acredito que ainda temos força para buscar uma alternativa. Não acredito que nossos dirigentes estejam satisfeitos com a avaliação que se faz deste governo e com o resultado do nosso próprio trabalho participando desta administração. Quais os resultados que temos para mostrar para a população que justifiquem defender a continuidade deste governo?

Se quisermos recuperar o espaço e a importância política que já tivemos no Amapá, é preciso acreditar na nossa potencialidade, deixar de lado os ressentimentos e a tolice, e saber negociar com independência e altivez um papel mais digno e condizente com a nossa força e trajetória política, baseado num programa de desenvolvimento para o Amapá.”.



Wagner Gomes

wagnergomesadvocacia@uol.com.br

wg_ed.wagneradv@hotmail.com

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