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quinta-feira, junho 03, 2010

EDUARDO COSTA ADVERTE: CUIDADO COM O COLESTEROL.

Por que a preocupação mundial com o colesterol?

* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)



Na terça feira passada por volta de meio-dia estávamos aguardando o início da banda na casa do Savino, eu e a turma, o Prof. Orlando, o Léo, o Álvaro, ....o e o Eduardo Monteiro, estava sendo servido um belo e gostoso cozido, com uma enorme quantidade de tutano, quando alguém me perguntou se o tutano não era colesterol em excesso, razão de eu lembrar de escrever este artigo e explicar a respeito do colesterol. De todos os fatores de risco para a aterosclerose que leva a doença aterosclerótica coronária (DAC), um dos maiores riscos é o colesterol alto, não o total, aquele que nós estávamos acostumados a medir nos exames de rotina, mas sim uma das suas frações; então é melhor começarmos explicando estas frações. O colesterol total é o resultado da soma de basicamente três frações o HDL, da sigla em inglês High Density Lipoprotein (lipoproteína de alta densidade), o LDL de Low Density Lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade)e o VLDL de Very Low Density Lipoprotein (lipoproteína de muito baixa densidade). O HDL é o colesterol de alta densidade, é o que não se prega na parede das artérias para causar placas ateromatosas, e por isso é chamado de Bom Colesterol, seu valor normal mínimo é de 45 mg/dl, quanto maior melhor, pois protege de doença. Não existe remédio para aumentar o HDL, a maneira de fazê-lo subir é a prática de exercícios, no mínimo andar 40 minutos todos os dias. O LDL, de baixa densidade, é o que causa as placas ateromatosas e por isso é chamado de Mau colesterol, o VLDL, de muito baixa densidade, é o que tem relação com os triglicerídeos, pois o seu valor vezes cinco nos dá o valor daquele, e é um risco independente quando muito elevado. Bem, o Mau Colesterol, o LDL, é o que quando acima de 130 mg/dl penetra passivamente na parede das artérias, desde que esta esteja lesada (esta lesão é determinada pelo fumo, diabete, pressão alta, obesidade, sedentarismo, estresse, doenças vasculares, etc) e uma vez dentro da parede da artéria, por reações químicas locais, torna-se uma molécula que não é reconhecida pelo nosso organismo como parte dele, e, por conseguinte inicia um processo inflamatório que vai terminar em uma placa ateromatosa que vai obstruindo a artéria continuamente, de tal modo que quando atinge 70% do diâmetro do lúmen ou luz do vaso determina diminuição de fluxo, e se este vaso é uma artéria do coração esta diminuição de fluxo determina dor no peito que nós chamamos de angina. Se esta placa inflama e se quebra, as células do sangue responsáveis pela coagulação chamadas plaquetas, entram em contato com a gordura do interior da placa e desencadeiam a formação de um trombo que vai entupir a artéria determinando o infarto agudo do miocárdio; se for no cérebro ocorre um acidente vascular cerebral, e em qualquer outra parte do corpo chamamos de trombose. Então tudo se inicia quando o LDL colesterol penetra na parede da artéria, razão pela qual o devemos manter atualmente abaixo de 100 mg/dl, e se já tivermos doença ou já tivermos tido uma revascularização do miocárdio (pontes de safena, mamárias ou stent), devemos manter os níveis de LDL inferiores a 70 mg/dl. E como fazê-lo? A resposta agora é mais fácil, pois na última década surgiram estudos que determinaram que um grupo de drogas chamadas estatinas, que existem no mercado desde os anos 80, bloqueiam a elevação do LDL colesterol, e o que é melhor, estudos científicos afirmam que além de baixar o colesterol, estas drogas inibem a evolução da aterosclerose e estabilizam as placas já existentes impedindo a sua quebra, fato que bloqueia a evolução da doença e até provocam regressão nessas placas. Então pergunte pro seu médico e se necessário use-a, pois estudos indicam o uso contínuo em pessoas que tem risco presente como os diabéticos. Assim, pelo menos hoje temos um grupo de drogas altamente eficiente para combater a aterosclerose, que como várias vezes já citamos, é a principal causa de mortalidade no mundo. Uma semana abençoada a todas. Fiquem com Deus.



*Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor de Cardiologia e Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

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