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quinta-feira, junho 03, 2010

ESCOLA DE MEDICINA - O DR. EDUARDO COSTA ESCREVE.

A Formação Atual de um Médico - Parte I


* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa (eascosta@cardiol.br)


Para quem estiver pensando em estudar medicina, é bom saber por antecipação que o curso atual para formação de um profissional que vai querer ter espaço no mercado de trabalho atual e do futuro é de dez anos, seis de faculdade e no mínimo mais quatro de residência médica, pois antigamente no mundo acadêmico e agora no mundo atual, o médico sem residência é um médico sem a formação completa, um micromédico (este termo foi utilizado pelo reitor da universidade do estado mais a leste do país para o reitor anterior da Unifap, informando a qualidade do curso de medicina deles). Mas residência médica é coisa muito séria, antes dos anos oitenta bastava terminar o curso de seis anos e fazer um estágio em algum lugar de maior projeção científica, por meses ou até um ou dois anos e tudo bem, o médico se tornava um especialista, de qualidade boa ou discutível, mas aceito pela sociedade civil. Do início dos anos oitenta pra cá a procedimento mudou, foi criada no MEC, com sede em Brasília, a Comissão Nacional de Residência Médica, que passou a avaliar os hospitais universitários e não-universitários e, quando qualificados, passou a credenciá-los, de tal modo que a procura por uma vaga passou a ser a ordem para os recém-formados, são dois anos de medicina geral, clínica médica para os de especialidade clínica ou cirurgia geral para os de especialidade cirúrgica e mais dois anos de especialidade, seja ela clínica ou cirúrgica, e às vezes, mais dois anos em uma sub-especialidade, totalizando seis anos; por exemplo, na minha área são dois anos de clínica médica, dois anos de cardiologia e mais dois anos de uma sub-especialidade como a minha (hemodinâmica e cardiologia intervencionista), ou dois anos de eletrofisiologia e arritmias ou mais dois anos de ecocardiografia, ou dois anos de cardiologia pediátrica, etc...Existem especialidades que não necessitam dos dois anos de clínica médica ou cirurgia geral, como oftalmologia, otorrinolaringologia, neurologia, neurocirurgia, dermatologia, ginecologia, obstetrícia e ortopedia, nestas a formação é direta, não ocorrendo necessidade do pré-requisito. Mas o importante é que a sociedade, com o advento da internet e da socialização da informação, tomou conhecimento disso, e agora cobra a formação de cada profissional, de tal forma que em alguns países como os Estados Unidos, um terço das vagas dos cursos de medicina são ofertados para estrangeiros, pois com o conhecimento no computador a sociedade passou a cobrar diuturnamente a formação do médico (vide recentemente a cobrança da especialidade do médico que acompanhava o cantor Michael Jackson) e devido o custo elevado dos seguros médicos para o caso de erros, a profissão passou a ter historicamente menos adeptos, pois é a profissão que se você não tem conhecimento teórico e habilidade prática naquilo que está fazendo o resultado pode ser catastrófico e com perdas de vida, eu ensino para os meus alunos...”aqui não há aprendizado por tentativa e erro, pois se errarmos alguém morre, principalmente na minha especialidade”...Por conseguinte, no mundo atual, se o médico decide ser especialista a residência médica é o primeiro degrau da carreira, depois vem a prova de título de especialista pela Associação Médica Brasileira (AMB), e, se quiser maior formação ou carreira universitária, vem a seguir o mestrado, o doutorado, e os pós-doutorados. É importante saber que, hoje, nas universidades federais, para fazer concurso público para professor de medicina há necessidade de doutorado, ou no mínimo mestrado, e para isso é necessário a residência médica como pré-requisito. Para seu conhecimento, nos próximos finais de semana vamos continuar a comentar este assunto!





* Médico com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia. Professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA

Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da FM-UFPA

Pós-Doutorado em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Títulos de Especialista em Cardiologia, Clínica Médica,

Medicina de Urgência e Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pela Associação Médica Brasileira – AMB

Membro do Comitê de Dez Médicos das Diretrizes de Stent Coronário no Brasil-SBC

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