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quinta-feira, junho 03, 2010

JÁ MEDIU SUA GLICOSE HOJE? IOCHIDA E COSTA EXPLICAM.

Diabetes, um assunto nada doce...

Profa. Dra. Lucia Christina Iochida* Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa** (ecosta@ufpa.br)




Há uma semana estava em São Paulo, participando de banca de tese de doutorado e aproveitei para fazer um curso sobre stents de última geração, quando encontrei a Profa. Dra. Lucia Christina Iochida, uma das médicas mais brilhantes com quem convivi na época da pós-graduação na UNIFESP, e além das qualidades profissionais ela tinha o mais belo par de pernas da escola paulista de medicina, naquela época. Agora, a bela é Professora Associada de Clinica Médica da mesma escola (professor associado, na carreira universitária, é a classe final para a qual passa o professor que tem doutorado, após oito anos de professor adjunto com produção científica); aproveitei o encontro pra discutir um caso de diabete recente na minha família e durante a conversa ela me contou que soube dos meus artigos na Gazeta, isto em razão de me procurar na internet pra me fazer um convite acadêmico. Conversei com a Lucinha (minha maneira carinhosa de tratá-la) a respeito de meus artigos e pedi para ela escrever alguma coisa para que todo mundo pudesse entender a doença diabete. Ontem, recebi por e-mail este primeiro texto:

A diabete é uma das doenças que mais tem crescido, e causado grande preocupação aos médicos de todo o mundo é o diabetes ou diabete. O nome da doença em latim é "diabetes mellitus", e foi chamada assim porque as pessoas doentes urinam muito (diabetes = sifão) e a urina é doce (mellitus= doce como mel). Esta doença é conhecida desde a antiguidade, mas seu aumento exagerado foi observado a partir do século XX, principalmente depois da II Guerra Mundial.

O que chama atenção no diabetes é o aumento das taxas de açúcar (glicose) no sangue, que ocorre em todos os tipos da doença. É importante notar que existem diversos tipos diferentes de diabetes, porém os mais importantes são o tipo 1, que aparece principalmente em crianças e adolescentes, e o tipo 2 que aparece com mais freqüência após os 40 anos de idade, principalmente em pessoas com excesso de peso. O diabetes tipo 1 exige o uso diário de injeções de insulina, e corresponde a cerca de 10% dos casos de diabetes. Os pouco mais de 90% de todos as pessoas com diabetes são do tipo 2, por isso comentaremos agora sobre ele.

No Brasil, estima-se que existam cerca de 10 milhões de pessoas com diabetes, e muitas delas nem sequer sabem que tem a doença. Isto porque, a maioria tem diabetes tipo 2, que é uma doença que provoca poucos ou até nenhum problema, durante muito tempo. Em outras palavras, muitas pessoas tem a doença e não sentem quase nada, ou nada mesmo. Isto não quer dizer que a doença não tem importância, ao contrário, durante todo o tempo em que a pessoa não sente nada, o excesso de açúcar no sangue vai causando estragos em todo o corpo, que mais tarde vão aparecer na forma de outras doenças, como por exemplo alterações na visão, acidentes vasculares cerebrais, infartos e outras doenças do coração, insuficiência vascular periférica que causa o pé diabético, doenças nos rins e várias outras.

É importante prestar mais atenção às informações sobre diabetes, e principalmente para os maiores de 40 anos, mais ainda para os que tem excesso de peso. Procurar o seu médico para perguntar sobre esta doença, e fazer um exame simples, para verificar a taxa de açúcar no sangue, pode hoje significar mais tempo de vida.

*Médica com Residência, Mestrado e Doutorado em Endocrinologia e Diabete

Profa. Associada de Disciplina de Clínica Médica da

Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo



**Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor Associado, Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) e Coordenador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.





Apenas “um pouco de açúcar no sangue”.

Profa. Dra. Lucia Christina Iochida* - Prof. Dr. Eduardo Augusto da Silva Costa**
(ecosta@ufpa.br)


Continuando o assunto da semana passada, complemento hoje o artigo da Profa. Dra. Lúcia Iochida, professora de clínica médica da Escola Paulista de Medicina, sobre diabetes mellitus.

Para aqueles que já ouviram isto de alguém, como uma justificativa para ainda não começar a se cuidar, deixar para começar aquela dieta na próxima segunda-feira, vamos continuar falando um pouco mais de diabetes. O principal objetivo desta nossa conversa é chamar a atenção de todos para este gravíssimo problema, que vem se tornando cada vez mais comum, tanto no Brasil como em todo o mundo: o diabetes mellitus e suas complicações (doenças do coração, dos rins, pressão alta, “derrames” e outras).

Como falamos anteriormente, existem dois tipos principais de diabetes, o tipo 1, com início mais freqüente em jovens e crianças, e o tipo 2, com início mais freqüente após os 40 anos de idade. Existe também o diabetes gestacional, que aparece na gravidez, e que também está aumentando em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.

E porque esse aumento generalizado no número de pessoas que se ficam diabéticas em toda parte? Principalmente por causa da mudança dos hábitos, do estilo de vida e de alimentação que ocorrem em praticamente todos os países. Até cerca da metade do século XX, ou para usar outro ponto de referência no tempo, até o final da II Guerra Mundial, a maior parte das pessoas no Brasil vivia na zona rural, e havia uma grande diferença entre o tipo de comida e a quantidade de esforço físico que faziam as pessoas que viviam na cidade e na zona rural. As diferenças entre os estilos de vida de pessoas que viviam em países diferentes, principalmente quando se comparavam países pobres e ricos, era muito maior do que a que temos hoje. Dentre os leitores mais “experientes” (com mais de 60-65 anos), quem se lembra de tomar coca-cola, ou qualquer refrigerante nas refeições, quando era criança ou mesmo adolescente? Hoje as crianças praticamente não bebem água, e entre seus pratos preferidos estão “hamburguer”, “hot-dog” batatas fritas de todos os tipos, acompanhados de “ketchup”, mostarda e outros molhos, além de chocolates, sorvetes e muitos doces. Mesmo quem não é grande adepto de “fast-food” pode observar que aumentou muito o consumo de comidas prontas (pizzas, enlatados, congelados), e também, não por coincidência, que as pessoas de todas as idades estão cada vez mais “gordinhas”. Isso acontece porque se come mais, comidas cada vez mais “calóricas”, isto é, com capacidade de fazer engordar, e se gasta cada vez menos energia: As pessoas usam o carro para tudo, até para ir até a padaria da esquina! Claro que o progresso traz vantagens, muitas coisas que exigiam muito esforço físico hoje são feitas por máquinas que facilitam o trabalho, mas deixar de gastar energia facilita o ganho de peso. E o excesso de peso facilita o surgimento de doenças, como o diabetes, a pressão alta e as doenças do coração.

Muitas vezes, explicando para uma pessoa que descobriu que tem diabetes a importância de ter uma alimentação controlada (fazer dieta não é passar fome, mas saber o que deve comer e controlar o que e quanto se come), fazer exercícios regularmente, e às vezes também tomar medicamentos, eu escuto a queixa:

_ “mas doutora, eu não sinto nada, e meu açúcar está só um pouquinho alto.. Será que é preciso mesmo todo esse sacrifício?”

A resposta é sim. O único meio que nós médicos temos de evitar as complicações muito graves do diabetes é controlando a doença, tentando manter o açúcar no sangue o mais perto do normal possível. Quanto mais tempo o açúcar ficar alto, maior a chance de aparecerem as complicações. Depois que elas aparecem, depois que a visão piora, depois que os rins começam a funcionar mal, ou que se teve um “derrame”, muitas vezes não se pode mais voltar ao normal (isto é, não se volta a enxergar como antes, por exemplo). Por isso, mesmo que a taxa de açúcar no sangue esteja só um pouquinho acima do normal, se ela está acima do normal devemos tratar dela imediatamente, para fazer com que volte ao normal e fique perto disso o quanto antes. Muitas vezes meus doentes diabéticos dão uma “escapada” da dieta e me dizem: _ a dra. vai ficar brava comigo..” E eu respondo:..”não sou eu que fico brava, mas o seu rim, o seu coração, seus olhos! Pense neles antes de abusar.” É melhor prevenir que remediar, não? Então vamos começar a fazer exercícios, diminuir os excessos alimentares, e fazer um controle da pressão e da glicemia (dosagem de açúcar no sangue) pelo menos uma vez por ano, principalmente após os 40 anos de idade, assim estaremos prevenindo muitas doenças graves.



*Médica com Residência, Mestrado e Doutorado em Endocrinologia e Diabete

Profa. Associada de Disciplina de Clínica Médica da

Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo

**Médico Amapaense com Residência, Mestrado e Doutorado em Cardiologia / Professor Associado e Coordenador da Disciplina de Cardiologia / Presidente da Comissão de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFPA.

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