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quarta-feira, dezembro 01, 2010

27 NOVEMBRO - 2010 - DIARIO DO AMAPÁ.

SALVE SÃO SEBASTIAO!

O Rio de Janeiro chegou ao Amapá, por improvável que haja uma só pessoa aqui que não tenha visto pelo menos uma imagem da luta travada entre policia e bandido, a céu aberto, dia e noite, literalmente.
Mais do que ver essas imagens, pelos parentes que tenho por lá, mentalizo cenários pavorosos que podem acontecer e me atingir aqui no “longínquo” Amapá. É que vejo o Rio de Janeiro além do que tem sido mostrado na televisão, ou seja: lembro o antes que está no atual enfrentamento policia x bandido. A origem dessas “minhas” imagens está lá pelos idos do século passado, especialmente na década de 80, quando os bandidos dos morros cariocas tinham um perfil, digamos, “bonzinho”.
Não eram tão jovens nem mal vestidos, não traficantes e não consumidores de drogas, não matavam com requintes de crueldade, usavam armas de baixo calibre, não atuavam como terroristas, usavam um código contra abusos sexuais, deixavam as crianças fora dos seus “negócios”.
Eram “bonzinhos” porque “cuidavam” da comunidade ajudando no custeio de casamentos, batizados, enterros, conseguindo empregos, financiamentos e até aval político-eleitoral. Era o que podíamos chamar de “coronelismo das favelas cariocas”.
Tempo e circunstancias mudaram o perfil dos bandidos e das comunidades faveladas nos morros, e agora também das baixadas cariocas. Os bandidos atuais, espalhados em todo o território da região denominada “grande rio”, são outros, totalmente diferentes: especialmente cruéis.
São muito jovens, quase não chegam aos 40 anos. Ricos, quem parece “pé descalço” é no mínimo proprietário de lotes de armas e drogas caríssimos. Modernos, curtem menininhas (cachorras) de até 17 anos, traficam e consomem drogas. Estrategistas, transformaram residências de comunitários (na marra) em esconderijos de suas munições, armas, drogas, dinheiro e urgias. Profissionais, aterrorizam para reinar. Corruptos, investem pesado na banda podre das policias e forças armadas. Inteligentes, foram para o topo dos morros (muito altos), de onde têm visão e domínio de toda movimentação policial e ou hostil. Articulados, sabem onde estão seus abastados “clientes”. Assessorados, aprenderam que a geomorfologia da cidade do Rio de Janeiro é só vantagem comparativa para os seus planos criminosos. Disciplinados, obedecem cegamente a um chefe, mata e morrem por ele.
Mudar esse cenário carioca ... pode ser. Mas acredite, depende da decisão firme de todos os brasileiros, e da ajuda de São Sebastião. Eis um caso cuja solução está num dito popular: não se faz omelete sem quebrar ovos.

Nota: Ontem ocorreu o lançamento da Coletânea de Contistas do Meio do Mundo, hercúleo esforço bem sucedido do Profº. Manoel Bispo, da Jornalista Alcinéia Cavalcante, dos Poetas José Pastana e Ricardo Pontes, do Arquiteto e Escritor Rostam Martins. A belíssima capa é autoria Ernandes Melo. Aos quais agradeço por me haver como contista selecionado. A partir de hoje assinarei meus artigos: Escritor/articulista.

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