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domingo, março 25, 2012

OS MANGUEZAIS DO AMAPÁ¹


Veja - 12/03/2012
O novo Código Florestal pode agravar a depredação dos manguezais, ecossistemas que se estendem por dezesseis estados e são a base da biodiversidade no litoral

Quando se fala em ecossistemas ameaçados pela ação humana no Brasil, logo vêm à mente a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, que sofrem desmatamento acelerado, e o Pantanal ocupado de forma desordenada. Menos lembrados são os manguezais, embora eles tenham importância crucial para a manutenção da vida na costa brasileira. Os manguezais estão presentes em dezesseis estados que têm litoral - a única exceção é o Rio Grande do Sul. O Brasil abriga a terceira maior área de manguezais do planeta, mas estima-se que um quarto da região de mangue original já tenha sido destruído, em parte para a instalação de salinas e de fazendas marinhas para a criação de camarões. Se o novo Código Florestal, que deve ser votado na Câmara dos Deputados nos próximos dias, for aprovado com o texto que já passou pelo Senado, a situação dos manguezais poderá se deteriorar ainda mais. Pelo código atual, os mangues são áreas de preservação ambiental, ou seja, não podem ser ocupados nem desmatados. O texto do novo código prevê o uso de 10% a 35% dos manguezais - dependendo do estado - justamente para a instalação de salinas e para a criação de camarões.
 Os manguezais são basicamente o ecossistema de transição entre o mar e o continente. Encontram-se apenas nas regiões mais quentes do globo, principalmente na faixa entre os dois trópicos. Para se desenvolverem plenamente, necessitam de muita irradiação solar, chuvas fartas e grande amplitude de marés Na costa dos estados do Amapá, Pará e Maranhão, os manguezais chegam até 40 quilômetros de largura e suas árvores alcançam mais de 40 metros de altura. O terreno lodoso característico desse bioma é formado por sedimentos de origem marinha e continental, restos de folhas, galhos e animais em decomposição. Isso toma o ambiente rico em matéria orgânica, o que atrai espécies de micro-organismos e animais que usam aquela região como fome de alimento e refúgio contra predadores.
 Ao longo de toda a costa brasileira, as pessoas que moram próximo ao manguezal dependem de sua riqueza para a subsistência. É comum a coleta de crustáceos e moluscos que vivem enterrados na lama para o comércio. "Cerca de 70% das espécies de peixes, moluscos e crustáceos que são pescadas comercialmente no litoral brasileiro têm relação com os manguezais em alguma fase de sua vida", diz a bióloga Yara Schaeffer Novelli, orientadora do programa de pós-graduação em oceanografia da Universidade de São Paulo. Os manguezais também servem de refúgio para aves migratórias.....

 É de manguezais como este que a matéria na Veja está falando. Adra. Yara Novelli foi a coordenadora cientifica do projeto Manguezais do Amapá (CNPq/Linhas de Açoes em Botânica-1988) e eu o coordenador técnico.

 Apartir do mar, parao desembarque, a primeira visão que se tem é como esta já que uma boa distancia ainda nos separa da franja de mangue. Nesta fotogafia  e que se vê é um bosque jovem de siriuba (Avicenia sp).


Desembarca-se a meia maré porque a praia de aportamento apresenta este aspecto de fundo: uma enorme floresta morta, que o próprio mar vai construindo com a sua força acrescida da "mãozinha" que lhe dá o Rio Amazonas. Esta região aí é a da Estação Ecológica do Maracá/Jipioca. 




















Desembarcado e já dispostos para o trabalho, vamos nos deparar com raizes aéreas típicas  do mangue vermelho (Rhishophora sp), fantasticamente desenvolvidas nesta região.






Abaixo o que se vê no detalhe é, simlesmente, parte de raiz e tronco de uma siriuba. Esta árvore em pé ia além de 45 metros de altura.  




Aqui, na foto de cima se pode ver a pujança das arvores de mangue vermelho, mas no detalhe é que está  expressão amazônica dos nossos manguezais: o feixe aí do centro são novas raizes aéreas que se projetam para o chão ,onde cumprirão a função de nutrição e sustentação da árvore gigantesca.


Teria lhes mostrado como trabalhávamos dentro desse manguezal, o nosso momento de refeição (caranguejo e nada mais, já que função de salinidade peculiar ostras, siris e demais não ocorrem), também a pequena embarcação possivel de fazer o aportamento de entrada e saída, mas as fotografias estão sofrendo rotação na transposição do arquivo para o blog e isto não sei resolver. De qualquer forma, a primeira intenção é dar uma noção dos nossos manguezais face a discussão nacional sobre o novo código florestal brasileiro.
Na maioria dos estados brasileiros os bosques de mangue (mangue vermelho, siriuba,lagunculáia) não vão além de 4,5m. 
Até nisso o Brasil e mais de um. Realidade que deveria passar ao texto do Código Florestal.  










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