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sábado, maio 12, 2012

60 DIAS APÓS


Flores do meu jardim para o Bonfim Salgado, meu amigo-imão. Aqui, num dia apropriado disse-me: construa um cemitério só para voce, enterre aí os que não lhe convém. Enquanto por aqui trate-os a ôbas e olás.
 Muito dessas flores el msmo as plantou, não com as mãos... com presença.
Já vai dar 18 horas, sessenta dias após o sepultamento do Bonfim Salgado. O aspecto do céu de Macapá no dia e hora de hoje guarda muita semelhança com o do dia e hora em que foi sepultado: pesado!, como gostava de dizer.
Aspecto o céu de Macapá, 18 horas, 12 de maio: tal e qual à mesma hora de 12 de março
Ontem o Bonfim era isso aí: um homem limpo em presença de crianças. 
 Na calçada da sua casa, no Trem, com seus sobrinhos netos
Amanhã será dia 13, do banimento da escravatura no Brasil. Se vivo fosse, amanhã eu telefonaria para ele bem cedo. Obviamente não atenderia porque não era de acordar cedo domingo, mas me ligaria depois. O que lhe diria (aos costumes no dia 13 de cada maio) eu? Bonfim! Bonfim! A escravidão pode voltar, vai lhe pegar dormindo.
Depois da gargalhada repetiria o de sempre: Ô mineiro velho, comigo não, meu pai é negro do Benin. Outra vez ele estava falando de democracia. Descanse muito em paz o nosso amigo José Antonio Bonfim Salgado, vez por outra nos deixe em Macapá e vá planar sobre Benin, o mais democrático país africano.

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