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sexta-feira, maio 18, 2012

VIDRAÇAS SUJAS



Escola municipal é ameaçada pela cheia de rio na localidade de Careiro da Várzea (AM). Foto: Arnoldo Santos/Especial para Terra
 As enchentes aqui vão até meio ou final de junho. E o calendário escolar? Mais fácil é dizer que as greves dos professores por salário mínimo atrasam a educação.

 SEPULCRO CAIADO.

O Jornal “Véritas”, de Volta Grande/MG, cidade onde nasci me recorda lisonjeiras notícias e fotografias do meu pai recebendo das mãos do prefeito Euler Silva o diploma que conferiu a mim o título de Cidadão Benemérito – iniciativa do Vereador Getúlio Nunes. Mas, também, a história da vidraça suja e os lençóis brancos. Um conto que contei em fevereiro/2000, que novamente lhes conto:
“Um jovem casal, que morava em uma bela casa de amplas janelas de vidro, recebeu certo dia, uma nova vizinha. Esta, diariamente, estendia, pela manhã, seus lençóis brancos nos varais, grandes bandeiras flutuantes ao vento.
Também, diariamente, a esposa comentava com o marido que os lençóis da vizinha estavam sempre encardidos e manchados. Os dias passavam: os lençóis flutuando nos varais e as críticas da jovem esposa.
Todavia, em bela manhã de sol, de luz e brisa, lá estavam, novamente, os lençóis, mas desta vez, alvos e luminosos. Mas por que, repentinamente, perguntou a esposa ao marido, eles se tornaram tão brancos?
      Meu bem, como eu estava sem sono, levantei-me bem cedo e lavei todas a vidraças da nossa casa...”.
      Bom, sobre a concessão do título de Cidadão Benemérito, anuncio-o porque devo dividí-lo com os amapaenses, pois veio-me também por causa de palestras que fiz por lá sobre o Amapá.
Preciso dizer, no entanto, que nada tenho a ver com os lençóis brancos e sem manchas, nem a Câmara Municipal de lá me pareceu vidraça embaçada algum dia. 
      Mas a história é perfeita para nos envolver cada vez mais no acompanhamento do que vai ocorrer no âmbito da CPI do Cachoeira. Essa investigação circunstancia um universo do tamanho que quiser. Ou que a decência nacional o permitir. Pode ir do mestre de obra a ministros. Pode retroagir a anos ou dias. Pode se estender do Oiapoque à Caymã. Pode, inclusive sair do nada e chegar a lugar nenhum.
Mas um dano doloroso ao mesmo tempo benfazejo ela já nos impôs: a perda do senador Demóstenes, a degola do senador Demóstenes.
Algumas vezes assisti da galeria do Senado Federal a atuação daquele senador no plenário e na tribuna. Vi o quanto arrastava admiradores nos corredores enquanto caminhava do seu gabinete a ponto qualquer da casa. Acreditava-se nele. Naquele era mesmo para se acreditar e até pensar: é o cordeiro branco falando para irremediáveis cordeiros negros.
Outra vez, nesse caso, aparece a pregação de Jesus entre nós: “... não pareceis jamais a sepulcros caiados...”. Demóstenes, sabemos agora, não é alguém dono de dupla personalidade nem vitima de distúrbios mentais. É alguém podre por dentro.
Além do alcance e interesse da CPI, fora dela estão outros Demóstenes, quem sabe bem perto de cada um de nós. É dizermos: todos temos pelo menos um Demóstenes., às vezes o “amigo” de nossa maior confiança.
É uma gente capaz de roubar futuros, interromper curso de vidas, impor sofrimentos torturantes. Diferente do ladrão de galinhas, cuja ação te a nos ensinar a coragem e o planejamento que permeiam o roubo de penosas. Mas, esses Demóstenes são vazios, por isso sorrateiros, não se esforçam nem para delinquir.
Pobre Brasil sempre em mãos de ricos marginais.
Suas vidraças são as leis que eles mesmo fazem, segundo as quais um ou outro deles será julgado. Os lençóis alvos ou encardidos que não não veem – de hoje – são as grandes enchentes amazônicas. Aliás, elas não: as vitimas.  
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Quem se lembra dessas pessoas? Fazem o que por elas?  São guardiãs da fronteira nacional  
     




          

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