Translate

terça-feira, agosto 28, 2012

INATINGÍVEIS


Muito facilmente, em Macapá, referem-se a mim como jornalista; quase todo o dia acontece. Não se trata, no entanto, de uma questão pacificada. Há os que me detestam só por isso, às vezes acho que nãosó por isso. Por trás do “sentimento” está ocorrendo o movimento separatista entre jornalistas sem e com diploma.
Quero ajuda, é preciso que os “colegas” à menção do meu nome melhorem a informação esclarecendo que o meu grupo é o dos sem diploma. Poderiam sempre grafar (é um pedido) entreparentesis: “o jornalista (sem diploma) Cesar Bernardo....”. quem sabe me detestem menos com essa medida? Aliás, aproveitando o ensejo para sugerir que façam o mesmo com os professores que dão aulas sem a devida licenciatura.
Por outro lado – há testemunho e testemunhas - deixei a militância em jornais.  Desleal concorrer com jornalistas diplomados, deselegante confrontá-los qualitativamente, perigoso arranhar-lhes a credibilidade. Eles jornalistas eu escrevedor.
Tiro Liro – Abertura do site, ilustração de Paulo Caruso
O pós decisão é aqui só no meu blog – um território não livre, mas protegido da acusação de jornalistas com diploma de que esteja ocupando seus lugares. Agora só escrevo aqui, mas é preciso dizer que convites há para que volte a escrever em jornais locais. Não quero, estou “acomodado” aqui no blog até mesmo pela delicia de volta e meia ser avaliado por algum leitor do Brasil ou do exterior.
É bem verdade que os nossos jornais estão na internet e se para eles ainda escrevesse poderia ser lido igualmente no Brasil ou fora dele, mas as chances seriam bem menores em me haver misturado e concorrendo com tantos jornalistas com diplomas, colunistas desses jornais.
A outra causa de me haver afastado dos jornais é a fama: meu nome atravessou finalmente o grande rio Amazonas, à margem direita há os que me reconhecem jornalista., agora mesmo, dias atrás, foi assim em São Paulo e em Minas Gerais... não é a gloria cinco ou seis leitores em regiões tão densamente povoadas?
E mais, aqui no blog tem tradutor automático, razão pela qual todos os dias tenho leitores americanos, russos, alemães, portugueses e franceses; esses os mais fiéis.
Sou assim, cheio de manias. Por exemplo, quando volto à terrinha volto às origens - o botequim sempre é referencia desses retornos. Agora mesmo estando em Volta Grande não pude deixar de me refestelar num deles.  Como que ignorando o eu de hoje fui tomando posse do meu lugar no boteco e mandei ver... tudo sem gelo.
"Seu garçon faça o favor de me trazer depressa.... água potável que não seja gelada".
 Aqui e agora, distante dos frequentadores quero me desculpar por ter tomado apenas água natural e ter falado muito de câncer, em detrimento do botequês (conversa de botequeim) que só ensina.
A propósito, em Minas não existe boTEquim – só butiquim. É nesses aonde se fala corretamente o butiquês: invencionices, mentirinhas, rasgados elogios à mulher alheia, promessas logo para amanhã, compromissos inadiáveis, defesa dos amigos, redescobertas, reinvenções, etc.
Pois foi no butiquim que soube do seguinte caso: “mediante a visão de uma mulher sem os cabelos da cabeça e dos pelos da face, por causa e efeito de quimioterapia, um sujeito disse a ela que para bruxa só faltava a vassoura”.
 
A Disney criou essas bonecas para homenagear meninas e mulheres em tratamento de cancer.
Num primeiro momento fiquei puto (conheço assim como se conhecem ofensor e ofendida), depois senti pena e novamente a obrigação de ensinar: nada nem ninguém pode atingir os que passaram ou passam pela “experiência” do câncer.
Já nos aconteceu o que de pior pode ocorrer ao ser humano. Já experimentamos as piores dores que se pode suportar. Já tivemos nosso emocional atingido durissimamente. A muitos de nós não sobrou sequer as funções sexuais. Nem o equilíbrio financeiro de antes.
Portanto tanto cá quanto lá saibam e creiam (dos butiquins às redações de jornais): somos inatingíveis.

Nenhum comentário: