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sexta-feira, agosto 31, 2012

UM SONHO PUXA O OUTRO.


Não sou propriamente um frustrado na vida – talvez mais desonesto comigo mesmo que frustrado. Mas, confesso, quis ser um deputado federal (estadual ainda dá tempo).
A tribuna parlamentar na Câmara dos Deputados me abriria portas deixando ao alcance das mãos objetivos e metas. Veja só, “inadvertidamente” troco a palavra sonhos por objetivos e metas.
Portanto, retifico: sonhei ser deputado federal para realizar sonhos., pronto, aí está o meu ultimo segredo. E creiam nunca o salário de deputado federal foi o maior dos meus sonhos. O complemento salarial, sim!
Modéstia ou desonestidade da minha parte? Sim: ganho bem menos. Não: um deputado não ganha tanto assim.
Nos dias de hoje o salário está em exatos R$16.512,09., convenhamos, tem jogador do Figueirense ganhando mais. Por outro lado – não estou retificando – a Câmara dos Deputados já votou um aumento de 62% para 2013. Embora ainda distante o deputado federal chegará a R$26.700,00.
Coat of arms or logo  
A partir daí – com muito respeito ao meu eleitor – o salário também é dos meus sonhos, pois deriva dele toda a condição financeira para a realização dos meus sonhos prolíficos: carrões, casa na praia (nada de campo cheio de carrapatos, mosquitos, coachares de sapos e pererecas, galos cantando fora de hora, vacas no cio desrespeitando a lei do silencio...), viagens pelo primeiro mundo, filhos e netos estudando em escolas de primeira no primeiro mundo, cartão de credito corporativo,,, essas coisas pagas pelo contribuinte.
Mas pera aí, não sonhei ser deputado federal atraído por esses supérfluos. É bom saber que o deputado estadual também tem vantagens suficientes. Na verdade eu tinha projetos para a nação, um deles subir à Tribuna e discursar de dedo em riste apontando para a direita quando quisesse referir o Palácio do Planalto e seu ocupante, ou para trás, com o dedão, quando me referisse a ministros importantes.
Pelo tanto de tanta obsessão embalando o sonho de ser deputado fui várias vezes à Câmara escolher uma bancada, me sentaria estrategicamente onde as câmeras de televisão focam os grandes deputados, teria que ser-lhes um meticuloso papagaio de pirata.
Imagino-me deputado nesse momento em que  governo está anunciando R$670,95 para o próximo salário mínimo, repetindo, repetindo e repetindo pesaroso que isso vai causar um impacto da folha de pessoal de 8 bilhões e 900 milhões de reais. Já teria repreendido a presidenta e ao ministro do tesouro ensinando-lhes nos seguintes termos (eu na tribuna de bótom na lapela):    
“Presidenta Dilma e Ministro Mantega quero lembrar vossas excelências que não se gasta salário mínimo no exterior, fica tudo aqui mesmo. Não estão isentos dos impostos os consumidores minimamente assalariados”.
(uma goladinha no copo d’água)  
“Portanto (olhando fixamente na câmera) o que se dará com uma mão se recolherá com a outra. O pouco que sobrar desse salário o trabalhador transferirá diretamente ao locatário, à igreja e ao agiota”.
Feito esse discurso, dado essa aulinha mandaria minha assessoria transformá-lo em livreto para distribuição aos eleitores via endereçamento postal da Câmara dos Deputados – você já recebeu um desses.
Entraria de recesso e voaria ao encontro da família.... no exterior.
           

Nota do Blog: Este texto é uma homenagem ao vigésimo milésimo visitante que às 12:08h registrou-se como visitante/leitor. Obrigado a todos do Brasil, da Rússia, dos Estaos Unidos, Alemanha e França onde são mais numerosos os leitores. Obrigado também aos leitores de tantos outros países, que com esforço farei aumentar em nossa página. 

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