Rotineiramente
os domingos são igreja e família. E televisão em épocas de copa do mundo, olimpíadas
ou até quando coincide com um clássico do futebol brasileiro. Mas nos meus domingos
entram ainda radio e leitura de jornais, além do prazer de entrar numa banca e
revistas.
Hoje
li dois pequenos textos que muito me agradaram, razão pela qual também me
estimularam rebatê-los aqui ao meu jeito de interpretação. Que pode não ser o
seu ou que não será o seu.
O
primeiro texto li e ouvi na igreja, me chamou a atenção um trecho da Carta de
São Tiago, em que ele diz que não devemos ter nenhum de nós, acepção de pessoas.
Dito dessa forma e apenas com essas palavras a carta comunicaria o que? Bem pouco.,
aos de má vontade, nada.
São
Tiago então explicou-se deixando a nós a mais clara mensagem sobre o que seja
discriminação entre pessoas – a tal acepção de pessoas. Disse: “...imaginai que
na vossa reunião entra uma pessoa com anel de ouro no dedo e bem vestida, e
também um pobre, com sua roupa surrada, e vós dedicais atenção ao que está bem
vestido, dizendo-lhe: "Vem sentar-te aqui, à vontade", enquanto
dizeis ao pobre: "Fica aí, de pé", ou então: "Senta-te aqui no
chão, aos meus pés".
Na
banca de revistas comprei jornais da minha preferência, num deles encontrei
referencias sobre um caso judicial dado e passado nos Estados Unidos. Um milionário
foi julgado por um juiz da Corte Suprema americana por tais e quais delitos que
o levaram ao banco dos réus. Com uma força impressionante chegaram a mim as
seguintes palavras desse juiz, num pequeno trecho da sua bem construída
sentença: 1) O senhor não precisava de tanto dinheiro. 2) O senhor permitiu que
o apresentassem como um exemplo para a comunidade. 3) O senhor não quis
colaborar com a Promotoria.
Depois
de vistas sobre todos os jornais que comprei, e também uma revista nacional, constatei
a multidão de louvadores do nosso juiz Joaquim Barbosa da Suprema Corte
brasileira, que o consideram “garantia de justiça aos réus do mensalão”.
Sou
mais um desses “louvadores”. Mas, tenho sérias duvidas se no universo do
Supremo Tribunal Federal (no contexto do julgamento do “mensalão”) haja
consenso quanto a não acepção de pessoas. É difícil crer que não o haja quando juízes
debruçados sobre uma mesma peça acusatória chegam lá na ponta com interpretações
opostas.
Aqui
em baixo, onde nos encontramos, parece à multidão de louvadores que a Corte é
propositalmente formada por Tiagos e Pilatos. Surpreendente os constantes posicionamentos
dos senhores Antonio Tofolli e Ricardo Levandowski – mas só surpreendente.
É
que os juízes são mesmo surpreendentes, porque seus votos continuam alem das
primeiras palavras televisivas no que tecnicamente se chama: extensão do voto.
Logo,
suas excelências são sábios algumas vezes, mas enfadonhos sempre porque sabem
que a extensão do voto não é de consumo popular.
Agora
cá pra nós – multidão de louvadores do Dr. Joaquim Barbosa, ou patuleia ou
populaça (como gosta de dizer o Tista, do meu O Doutor das Calçadas): não nos orgulharíamos
mais ou demais dos nossos juízes da Suprema Corte se eles resolvessem juntar
palavras e princípios de São Tiago e do juiz americano Dr. Kimba Wood? Sentenciariam
com muita justiça todas as pessoas que entraram no túnel fétido e escuro do
mensalão com anel de ouro no dedo e bem vestida ou pobre, com sua roupa surrada.
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