O
eleitor brasileiro não tem mesmo como votar melhor; quer contar com o horário eleitoral,
mas este está desenhado para exaurir paciência e interesse desse eleitor.
Aqui
no Amapá este “caso pensado” faz o estrago que faz impunemente porque é
consentido. O massacre sobre quaisquer atitudes de interesse do eleitor pelo horário
eleitoral começa na formação das coligações – todas elas de caso pensado. Os políticos
formuladores de modelos de campanhas eleitorais chamam a isso: engenharia política.
Na
verdade, quase sempre, começa aí o engodo eleitoral que será posto para o
eleitor discutir e a partir daí “escolher a melhor proposta”. Esse jogo acabará
tendo conotação de seriedade e honestidade de principio participativo, ou
melhor: será vendido como.
Os
partidos “de esquerda” douram melhor a pílula, enfaticamente discursam para a patuleia:
vamos discutir com a sociedade as decisões que tomamos. Os marqueteiros pegam
daí.
O
“esquema” é o seguinte: as coligações não são mais formadas segundo a afinidade
programática dos partidos. Eu disse não são mais porque antes foi assim.
Pelos
menos três são as determinantes para a formação das coligações: tempo de
propaganda eleitoral no raio e televisão; potencial eleitoral dos candidatos que
vão se agrupar na coligação; e, potencial político eleitoral dos partidos a se
juntarem na coligação.
O
raciocínio predominante nas discussões pró coligação é o seguinte, com uma
variaçãosinha aqui outra lá: quantos deputados a coligação pode fazer se para
ela concorrerem os partidos a, b, c e d? Quantos candidatos à eleição ou a reeleição
cada partido desses trás potencialmente eleitos?
Obtém-se
mais claramente essas respostas perguntando: de tantas vagas disponíveis
quantas ficarão na coligação?
Com
a resposta respondida com o devido grau de acerto avança-se para a composição
do tempo na mídia. Outra vez reagrupa-se os partidos conforme suas
contribuições em segundos e minutos para a futura coligação. Tempo demais não,
de certo ponto em diante o tempo de mídia conspira contra a coligação – fica muito
caro e chateia.
E
em que ponto essa “engenharia” política toca a linha do tempo da eleição
majoritária, que ocorre associada às eleições proporcionais? Normalmente em
ponto algum porque o “esquema” montado para as eleições proporcionais antes,
muito antes levou tudo isso na mais profissional consideração.
Na
pratica o que ocorre é que várias coligações são ligadas pó isso coordenadas por
um mesmo núcleo político. Mas isso não é feito para o eleitor ver, a
marqueteria se encarrega de fazer o eleitor exatamente da forma que interessa
aos políticos das cúpulas partidárias. Grande parte dos candidatos nem
desconfia do papel que está exercendo na campanha.
Vai
daí que em todas as campanhas existem pessoas que participam com voz do horário
eleitoral sem que seja candidatas – esses pedem para o eleitor votar certo,
avisam enfaticamente que o voto não tem preço e sim consequência. Esses olham
diretamente no olho do eleitor. E tem os jornalistas “alinhados” que dão o
acabamento.
Só
representação, depois passam no caixa recebem os gordos cachês e pronto. Já os
grandes lideres – quanto a eleição majoritária – raciocinam com a certeza do
segundo turno: lá adiante a gente se reagrupa – dizem e fazem.
Portanto
eleitor amigo, em política, especialmente no período eleitoral, nem sempre o
que você ouve e vê é realmente o que está valendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário