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sexta-feira, setembro 14, 2012

POESIA NA BOCA DA NOITE



Não é demais repetir à exaustão o sucesso que foi a participação do projeto POESIA NA BOCA DA NOITE na Bienal Internacional do Livro, e São Paulo. Foi lançado lá o livro Poesia na Boca da Noite, uma coletânea poética que teve a participação de vinte e três (23) poetas, a maioria crianças que o projeto teve o mérito de revelar.
Participei do projeto com quatro poemas (generosidade da poeta Alcinea Cavalcante, coordenadora do projeto), mas em momento algum me alegrei mais com isso do que com o sucesso das crianças. Que o diga Ziraldo (O Menino Maluquinho) e Mauricio de Souza (A Turma da Mônica), que as receberam, afagaram e se empolgaram com elas.
 Estudantes de escolas paulistas "fecharam o transito" para ouvir nossa poesia
Como se sabe, não é fácil conseguir espaço numa bienal internacional como as que são organizadas em São Paulo, mais difícil ainda é participar e ser percebido como o fomos. É isso que as fotografias ilustrativas deste texto quem e devem mostrar.
Os poetinhas dão show: autografam livros
Gosto de escrever, de vez em quando querendo me aventurar na difícil arte de fazer poesia sem o necessário auto convencimento de que concebo poesias (a poesia precisa ter quem a entenda e quem a faça, e nem sempre os que a entendem a fazem, nem os que a fazem a entendem. 
 Olha aí uma das nossas "celebriddes" autografando seu livro.
Poesia beneficia, semeia, cultiva, fomenta, fertiliza, educa, civiliza, por isso mesmo transmite a vida). Gosto de poesia, a criança poeta me comunica mais claramente  renovação da vida.
 O poetinha declama a sua poesia, gente que compeende ouve com prazer
Sempre direi da Alcinea o melhor que puder por haver concebido e nos disponibilizado o Poesia na Boca da Noite. Tantas crianças espontaneamente participando dele é, antes de mas nada a sustentabilidade da poesia entre nós, por enquanto em Macapá.  

Nossa poesia se estampou corajosamente nas paredes. E tome criança autografando livos




ABANDONO
 Os meninos findam com o dia
Apagam-se neles o ímpeto louco
Debandam-se entre sorrisos débeis
São folhas tenras morrendo aos poucos.
Seus restos nas ruas parecem sombras
De mais uma jornada de estripulias
Tempo perdido, sonhos desperdiçados.
Almas atormentadas, dias após dias.
Mas são rostos de paz, bonitos de ver
Todos de crianças. Almas nuas,
Tristes, fartas de sofreres, donas das ruas.
Maltratadas, adultas, embora pequenas
Já vivem o vazio dos dias e o rigor das noites
Dizendo-lhes, coitadas. Que pena!
26/jan/77 - Macapá
Não sei quantas pessoas leram minha poesia, por isso as reproduzo.


ÂNSIAS.
 
Não tenho pressa de ser feliz.
Depois dos anos (vividos) de mal viver,
Nem ela, tão rica, teve a vida que quis.,
Apenas vive para dizer: tenho ânsias de morrer.

Um artesão lhe disse: vida é tecidura,
Não lhe recomendo fibra ou barro.
Um solitário lhe contradisse: vida é amargura,
Não lhe conheço cura e remédio não amargo.

Assim, é mal conferir os dias da vida,
Quem se apressa ao fim não luta,
Perde-se o covarde que a dá por perdida.

E não se pode des(fazer)dizer a sina,
Nasce-se para  felicidade ou pra'ventura
Melhor quem pratica(bem) a farsa da autoestima.
Macapá, junho/97.

Troquei idéias com as essas escritoras. Ficou com elas um exemplar do nosso livro. 
Ficou comigo a sugestão para ler poesias islamaicas

VENDAVAL
Tudo é poeira depois de tanto ventar
Meu copo pede socorro, se entrega às trevas.
Não estou mudo, vozes saem de dentro de mim,
Mesmo assim.
Não me fale em solidão. Minh’alma não se entrega
Silencio, contemple-me. Sou o segredo.
O corpo não me assusta, a alma não tem medo.
Ó desconhecido abra-me porta, janela, fresta.
Minh’alma quer voar, misturar-se ao rio mar.
Melhor fugir: este vento quer me expatriar.
Vem e bate em meu rosto, me quer mascarar?
Tudo é obstáculo. Fugir é disfarçar.
Nada entendo tudo finjo, sou falsário habitual.
Floresta sem colibri, beleza que não é bela.
Algoz do falso bem pelo mal.
Mau que não faz mal, bem que não é dela.
O que sou? Apenas um sedutor.
Proscrição, velhacaria? Só do vento.
Desafio-te vento: deixe-me viver. Negue-me solidão
Constrói-me antros, palácios, santuários.
Dou-lhe em troca talento por canção.
Dá-me suportar seu sopro intenso.
Dou-lhe o corpo por oração.
Ante a ventania que fura e esmaga... espero.
Apenas suportar seu sopro imenso.
Vaidade por beleza, ignorância por paixão?
Nada disso quero.
Busco um lugar definitivo onde pousar: apenas isso.
Vivi só de chegar sem partir.
Entretanto é sombrio caminho da minha vida,
O meu ser é consciente do meu existir taciturno.
Assim: às seis acordo às vinte e uma durmo.
Jan/2012-Macapá
A poesia e a valentia de Glória Araújo e Alcinea Cavalcante responderam pela 
oportunidade e sucesso na Bienal Internacional do Livro/2012.

 

 


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