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quinta-feira, outubro 18, 2012

LIÇÕES DA CRISE



A crise de abastecimento de gasolina e álcool no Amapá não é novidade em lugar algum – deu na Globo, foi para o mundo. Há, no entanto, o risco de o recado embutido na crise não chegar, mais uma vez, aos ouvidos e circuitos de decisões das autoridades do setor. Únicas responsáveis pela crise.
                                                Esses carros estão a pelo menos um quilômetro do posto... 
que ainda receberá a gasolina.


Também não acrescenta nada discorrer aqui, alguém como eu, sobre o imenso prejuízo financeiro que a “crise da gasolina” está impondo à pequena economia regional. As tais autoridades do setor certamente sabem avaliar o quadro e sobre ele aplicar os dados e informações especificas que lhes chegam da área técnica.

Desnecessário jogar mais luz sobre o já tão esgarçado tecido social amapaense, bem próximo de rasgaduras por causa da impaciência e impotência Dante da crise. É tanto que outras autoridades do estado já determinaram proibição de venda desses combustíveis em vasilhames, ignorando o cenário sócio econômico regional que tem como moldura o maior rio do mundo e sobre os milhares de pequenas embarcações integradas ao sistema produtivo local que, de jeito nenhum, pode ir ao posto em terra encher o tanque. Postos flutuantes? Não tem e se tem também estão desabastecidos.  
Entretanto, há uma discussão bem maior  indissociável de tudo isso: a ambiental.
 
 O pressuposto para a solução prolongada desse problema no Amapá está na ampliação da capacidade de armazenamento de combustíveis.  Base existente ainda é da década de 1950/60, quando os atuais municípios de Santana, Porto Grande, Ferreira Gomes, Itaubal, Cutias, Pedra Branca e Serra do Navio eram Macapá. Uma grande Macapá com apenas 29 mil habitantes. –Ibge/Irda. Essa imensa Macapá foi crescendo: 55 mil habitantes em 1970; 93 mil em 1980; 154 mil em 1990; 280 mil em 2000. Mas o terminal de abastecimento sempre o mesmo. Chegamos agora, Macapá e Santana com mais de 500 mil habitantes com a mesma capacidade instalada de armazenamento.  É a causa da crise.

balsa_cruzeiro

É demorada uma obra de construção de novo terminal, mas terá que começar o quanto antes. Há bons terrenos, de boa localização e tamanho apropriados para isso? Pouquíssimos, mas é preciso ganhar tempo sobretudo no balcão da burocracia de licenciamento ambiental.

E por quê tanta pressa? Porque o acumulo de balsas petroleiras ancoradas na orla de Macapá/Santana é bomba que por dá cá aquele acaso pode explodir. Sabemos todos que não há disponibilidade técnica no Amapá para conter derramamentos ou controlar incêndio produzidos por milhões de litros de gasolina ou álcool.

Aliás, é ate um pouco assustador que fiscais das leis ambientais ainda não tenham ancorado a canoinha ao lado dessas gigantescas bombas, digo, balsas cheias de pólvora, digo, gasolina e álcool.
Vidas e biodiversidade agradeceriam essa fiscalização permanente e os cuidados emergenciais tecnicamente bem tomados... agora... já.
Seriam as primeiras boas lições da crise. 
     
   
 


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