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quarta-feira, janeiro 02, 2013

MEDO DEMOCRÁTICO



Dados estatísticos são degraus seguros do pódio de onde falar sobre quaisquer assuntos. Se os tivesse em mãos poderia listar a ranquear os produtos mais consumidos pela sociedade brasileira na virada do ano 2012/13 – pelo menos os dez mais.
Com o recurso da margem de erro com três pontos para cima e para baixo me encorajo a um palpite: peru, chester, pernil de porco, presentes, vinhos, cerveja, champanhe, refrigerantes, fogos de artifício, viagens, telefonemas.
Alem disso, não como produto, mas marca do brasileiro ainda há o medo a considerar. Pode parecer estranho que o diga, mas o medo está no brasileiro como um “produto” de consumo de primeira necessidade, especialmente em fim de ano.
Aliás, nem tão estranho assim, pois uma pesquisa recente disse que o maior anseio da população é a segurança publica. Portanto, esconder-se para denunciar tem parecido ao brasileiro uma obrigação constitucional, em que pese abrigue-se no direito a preservação da imagem.
O que se manifesta e certamente inquieta é mesmo o medo que se tem que ter no caso de denuncia – qualquer denuncia. A televisão é palco principal dessa manifestação que já devia ter causado maior indignação na população.
É diante da televisão que melhor trato tem tido o medo de denunciar, chamam a isso “cuidado” com o denunciante. Tarja preta, nuvem, escurecimento de ambiente, deformação de voz e tantos outros recursos técnicos são usados para “proteger” quem denuncia a violência policial, a professora ou professor, diretor ou diretora de escola, autoridades, o estado, a igreja, o chefe, o colega de trabalho, o bandido comum, o segurança da boite, do banco, do supermercado, do shopping...
Na faz muito que uma estudante bem criança ainda criou um site na rede social mundial para denunciar carências da sua escola. Foi prontamente reprimida e castigada por isso.
Seria esse o clímax que almejamos atingir com a nossa democracia custosamente restabelecida? Note-se que não estamos falando de delação premiada, nem de falsa denuncia, calunia, ofensa gratuita.
Toda vez que vejo uma mascara qualquer protegendo, por exemplo, a imagem de um professor denunciado atraso ou desvio de salário, o procedimento violento de alunos e alunas, fico achando que batemos no fundo do poço. Pior impressão causa ver um médico assim protegido falando de carências hospitalares que interferem no desempenho de suas funções profissionais. Até para denunciar malandragem de menor delinquente o adulto se “protege” dessa maneira.
Pode ser que noventa e nove por cento dos brasileiros não pensem como eu, que expliquem essa atitude à luz da democracia., pode ser. Mas, duvido um pouco que compreendam bem esse medo democrático.   

      
  


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