Translate

sexta-feira, março 29, 2013

SERMÃO DAS SETE PALAVRAS

                    Lembra as últimas palavras de Jesus, no Calvário, antes de sua morte.

 

   "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem"


          No auge do sofrimento, Cristo não perde a dimensão da fragilidade do ser humano e implora o perdão pra nossas culpas. Seu sangue derramado na cruz nos torna limpos para voltar à casa paterna. Mas somos também capazes de perdoar a nós mesmos e aos outros? Quando oramos: "Perdoai-nos, assim como perdoamos", sabemos o que pedimos? Aceitamo-nos incondicionalmente como somos e nos respeitamos? Quem não perdoa a si mesmo não perdoa a ninguém mais. Quem não se aceita não aceita aos outros. Pois para isso é necessário que se reconheça as próprias dificuldades e limitações, esforçando-se para se corrigir. E, dessa mesma forma, agir sempre com os outros.

 

"Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso"

          Sentindo dores, o homem crucificado ao lado de Jesus não o insultou como os demais. Ao contrário, pediu e recebeu o seu perdão incondicional e imediato. Cristo não lhe prometeu o paraíso para depois. Tampouco lhe falou de novas vidas ou de reencarnações. "Hoje mesmo" - afirmou Jesus! E quantos de nós desacreditamos nessa misericórdia divina, acreditando que somente nosso esforço, nesta e em outras vidas, nos tornará dignos de voltar ao Pai.

"Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!"

          Apesar de todas as nossas infidelidades, ele não nos deixou órfãos: deu a sua própria mãe como nossa mãe. Mas seremos dignos de ser filhos daquela que disse o sim, totalmente incondicional, quando convidada a ser parte essencial do plano de Deus para nos salvar? Seremos nós também capazes de dar esse sim incondicional e, em cad atividade, testemunhar o Evangelho sem timidez? Não fomos feitos filhos adotivos de Maria e, por conseqüência, irmãos de Jesus Cristo, apenas para nos vangloriarmos de ser cristãos, sacerdotes ou ministros extraordinários da Igreja. Somente tomando consciência disso, ouviremos de Jesus: "Filho, eis aí tua mãe!
 
 "Tenho Sede!"  
 
          Jesus teve sede mas, ao invés de água, deram-lhe vinagre. Também para nós Jesus vive a dizer: "Tenho sede! Tenho sede de homens e mulheres, adultos e jovens, que caminhem comigo. Que não tenham medo de correr riscos, que não se apeguem a títulos, cargos e aos bens transitórios deste mundo. Que estejam dispostos a levar a boa nova a todas as criaturas. Tenho sede de justiça e de trabalho para todos, pois afinal meu Pai não criou o mundo só para alguns, mas indistintamente para todos. Tenho sede de pessoas que não aceitem o erro, porque é muito difícil combatê-lo. Tenho sede de ver a humanidade inteira totalmente feliz! Saciem pois essa minha sede, e a minha redenção pela cruz estará plenamente realizada!"

"Eli, Eli, lema sabachtani? - Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?"  

          Teria Deus abandonando seu Filho na cruz? Certamente que não. Contudo, a natureza humana de Jesus sofria tanto que ele sentiu falta do carinho de seu e nosso Pai. Quantas vezes nós também gritamos a mesma coisa, porém sem qualquer convicção de que Deus nos escuta. Quantas vezes passamos meses e anos esquecidos de Deus, nunca nos lembrando de conversar com ele, agradecendo tudo o que dele recebemos. Mas, quando nos sobrevém qualquer sofrimento e a dor nos atinge, gritamos revoltados: "Por que nos abandonastes?" Mas não é ele quem nos abandona: nós é que o abandonamos. E, de repente, queremos atribuir a ele todos os sofrimentos que nós mesmos criamos, para nós e para os outros. Fazemos de nossa relação com Deus uma transação comercial: "Eu lhe dou esmolas e orações apressadas, em compensação quero receber tudo aquilo que penso ter direito. E, se não recebo o que quero, protesto: "Por que me abandonaste?"

 "Tudo está consumado!" 

          Jesus Cristo olha, do alto da cruz, o novo mundo que começa: a humanidade recebe, em letras de lágrimas, suor e sangue, e sua quitação por todas as dívidas assumidas. Mas estará tudo consumado para cada um de nós em particular? Será que nada mais tenho a fazer? Posso me esquecer de Cristo não permanece morto, que ele ressuscitou e está presente em cada ser humano? Posso entrar num aposentadoria espiritual, nada mais fazendo porque Cristo já fez tudo por nós? Jesus consumou sua obra redentora na cruz. Mas foi exatamente ali que começou a nossa obra pessoal, como redimidos e discípulos de Cristo. Tudo estará consumado quando conseguirmos expulsar deste mundo o egoísmo, a ambição, o desamor, a miséria e a falta de oportunidade para todos.
 
 
   "Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!"  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
          Chega ao final a agonia da cruz, Cristo entrega-se totalmente nas mãos do Pai. Um dia, ao entregarmos também nossos espírito nas mãos do Pai, com certeza ele não nos perguntará pelas grandes obras que fizemos, mas pelas pequeninas coisas que deixamos de fazer. Voltar ao Calvário é redirecionar nossa vida. É tomar a decisão corajosa de entregar ao Pai não somente nosso espírito, mas nossas mãos, nosso coração, nossa mente e toda a nossa vida. Com certeza, ele já está de braços abertos a nossa espera. Como o pai do filho pródigo. Basta que nos lancemos neles, com total amor e confiança.
                      

terça-feira, março 26, 2013

A QUEM O IJOMA ESTÁ INCOMODANDO?


O Instituto do Câncer “Joel Magalhães” fruto do sonho e luta que nasceu exatamente quando eu tinha 11 anos de idade. Em 1972 entrei num quarto onde sofria uma senhora de 73 anos vitima de câncer de boca. Ali decidi não ser indiferente diante de um doente de câncer. Vários doentes passaram por mim ao longo da minha vida sacerdotal. Alguns marcaram e me empurraram para essa luta.
Entre eles em 2001 o Joel Magalhães. Em 2004 minha irmã Vera Lucia C. de Souza, e em 2009 a Professora Maria Luiza Bello da Silva e o Diácono Pastor Machado.
Prometi em 2001 ao meu amigo Joel Magalhães criar uma ONG para cuidar e defender os doentes de câncer. Porque somente em 2010 decidi formalizar o instituição do Ijoma? Simples de entender: a consciência do tamanho do problema.
Poderia em 2003 me aproveitar da amizade com a família Góes e buscar apoio e assim materializar o projeto. Graças a Deus que não fiz. O tempo de Deus era outro.
Nascemos dia 21 de abril de 2010. Naquele mês a UNACON já se encontrava sucateada. Ali começamos a denunciar o descaso do poder publico. Ainda estava no Setentrião o Governador Waldez Góes. Logo depois assumiu o Governo do Estado o médico Dr. Pedro Paulo, e o quadro se agravou. O IJOMA continuou denunciando o abandono da UNACON.
Em 2011 assume o comando do Amapá o atual Governador Camilo Capiberibe e a UNACON continua cada vez mais sucateada. Alguns querem nos acusar de partidarizar a luta por dias melhores para os nossos doentes. Nos acusam de estarmos a serviço do grupo da “ harmonia” e que estamos sendo manipulados.
A QUEM O IJOMA ESTÁ INCOMODANDO? Sim porque não é o Padre Paulo que está incomodando, não é a paróquia Jesus de Nazaré. Não é o cidadão Paulo Roberto que está incomodando. Quando me pronuncio publicamente é em nome do Ijoma que o faço.
Amigos me procuram afirmando que ouvem pessoas dizendo que sentem ódio, raiva, pena e tantas outras coisas com relação a minha pessoa e a nossa luta. Que pena! Eles ainda não perceberam que a luta não é minha, mas de todos. Eles também podem vir a ter câncer. Espero que eles possam ter condições de buscar tratamento fora de Macapá.
Gostaria de saber por que essas pessoas alimentam tanto ódio de mim... De  que me acusam? O que fiz para ser odiado? O mais triste é que essas pessoas não me conhecem e nunca fizeram parte da minha vida.
A QUEM O IJOMA ESTÁ INCOMODANDO? Nunca roubei, nunca fui pedir nada para essas pessoas. Tenho minha consciência limpa de que nunca pratiquei nenhum mal para elas ou suas famílias. Muitas nunca sequer cruzaram meu caminho. Não sou perfeito e nunca afirmei que já estou no céu, porem tenho certeza e que nunca fiz mal para ninguém. Sempre acreditei que a misericórdia e o perdão devem ser a arma dos pecadores.
Se na minha vida não fiz o bem também nunca pratiquei o mal contra o meu semelhante. Por que tanto ódio, tanta raiva, tanta ofensa? Se estamos fazendo mal para tantas famílias dilaceradas pelo mau do século que venham a publico dizer que AMAR OS POBRES É PECADO, QUE DEFENDER OS QUE NÃO TEM CONSCIÊNCIA DOS SEUS DIREITOS É ATENTAR CONTRA A DEMOCRACIA E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO. POR QUE TANTO ÓDIO CONTRA NOSSO TRABALHO, POR QUE TANTAS ACUSAÇÕES E CALUNIAS?
Resolvam a situação da UNACON e o Ijoma deixará de fazer denuncias e criticas contra a inoperância do poder público.
Respeitem a minha dor. Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver. É preciso distinguir os bons dos maus.
Será que existe tal diferença? Ou será que somos todos andarilhos que vez acerta, outras erram? Somos todos peregrinos na estrada da vida buscando encontrar um sentido para o nosso existir. É como se a vida fosse formada sempre por mãos que atiram pedras causando chagas e outras que limpam os corpos chagados. Corações que libertam e cruzes que crucificam. Respeitem a minha dor! Então você poderá entender a minha causa... Compreenderá que eu não fui culpado... Não, ninguém é culpado do câncer entrar sorrateiramente na sua vida e destruir todos os seus sonhos. Não me condene. Basta a nossa dor, nossa dor solitária.
Ao acusar alguém preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu. Não deixe de acreditar no amor, em Deus, na força da vida. Os dedos das mãos não são iguais. Ninguém é igual. Há uma força maior que nos move e age em tudo e em todos. Nunca esqueça: Deus é maior.
Não desejo para ninguém o que nós passamos. Talvez você não tenha passado pelo vale do câncer... nós passamos. A dor do outro nunca será a sua dor. Não queira de forma alguma passar pela dor angustiante do câncer.
Não peço nada pra você. Não importa se você nunca ajudou um doente de câncer.Você deve ter seus motivos. Só te peço uma coisa: Respeite o meu sofrimento. Respeite a minha dor!  

  Padre Paulo Roberto - Presidente do Ijoma
       
   

segunda-feira, março 18, 2013

NUNCA DESISTAM DE NOS AJUDAR


Em outubro de 2012 o Ijoma entrou com ação no Ministério Publico Federal com uma petição com a seguinte sinopse fática:
“A presente ação civil publica tem por objetivo compelir o Poder Público a tomar as medidas necessárias para que os estabelecimentos da rede estadual e municipal de saúde, integrantes do SUS - Sistema Único de Saúde, prestem serviços eficientes, seguros, contínuos e de qualidade, conforme determina a legislação pertinente, para com os doentes acometidos de câncer no Estado do Amapá.” 
O Juiz Federal Anselmo Gonçalves da Silva, que a julgou, escreveu:

DECIDO
“Na condução de reuniões do Comitê Executivo da Saúde do Estado do Amapá, do qual sou coordenador, obtive informações do Governador do Estado e do Secretário de Estado da Saúde de que o Ministério da Saúde irá promover obra de ampliação do Hospital das Clinicas Alberto Lima – HCAL, contemplando: a) a construção de um Centro Oncológico de Alta Complexidade; b) reforma do Centro Cirúrgico; c) de novos leitos na UTI; d) novos consultórios médicos; e) sala de farmácia; f) ampliação da enfermaria. Também há informações de que os recursos necessários para essa obra já estão disponíveis, havendo, inclusive, procedimento  administrativo em andamento para a deflagração de licitação.
Com efeito, em que pese o caos da saúde publica no Estado do Amapá ser fato público e notório, tem-se que, no caso especifico do atendimento dos pacientes de câncer, as providencias administrativas já estão sendo adotadas. É certo, porem que essa estruturação na área de oncologia (praticamente inexistente nos hospitais do Estado) não tem como ser alcançada em prazo tão exíguo. A reforma, ampliação e construção de edificações, assim como a aquisição de equipamentos e contratação de pessoal, demandam tempo, exigindo da administração pública a necessária observância das formalidades legais para a sua efetivação.
Assim, diante da constatação de que a União e o Estado do Amapá já estão adotando as providencias necessárias para se alcançar os objetivos reclamados na presente demanda, não vislumbro, por ora, a presença de requisitos ensejadores da medida liminar”.   
ANTE O EXPOSTO, INDEFIRO O PEDIDO DE LIMNAR.
Citem-se os réus. Intimem-se.
Macapá, 9 de novembro de 2012.
Anselmo Gonçalves da Silva
Juiz Federal

Duas semanas atrás, apenas no fim de semana, perdemos 6 (seis) doentes
(SEBASTIANA ROLINA DA SILVA – CECIIA SANTOS DASDORES – ANA MARIA MORGONHA DA SILVA – VERA LUCIA BARROSO MONTEIRO – RAIMUNDA OLIVEIRA DOS SANTOS – EDIVALDO DE BRITO DE PAES)  que estavam em tratamento a UNACON/AP, onde não tinha e não tem ainda remédios quimioterápicos. Ficamos, então, diante de mais resultados desanimadores para os doentes de câncer no Amapá e também, para os que lutam a favor dos doentes e contra a doença. Por coincidência no processo distribuído justamente para o Coordenador do Comitê Estadual de Saúde,  que foi se informar justamente com os principais reclamados na ação, embora ele mesmo tenha escrito no seu despacho: “...Com efeito, em que pese o caos da saúde publica no Estado do Amapá ser fato público e notório...”.
Bom, o que fazer com decisão judicial se não cumpri-la?  Minhas amigas e meus amigos doentes de câncer, colegas, sabemos nós que Deus é a nossa força, São Camilo e São Peregrino os nossos mais poderosos protetores. Fiquemos com eles, segundo essas palavras bíblicas:
  Havia, numa cidadezinha da Palestina, um juiz que não respeitava nem Deus nem os homens.
Mas uma viúva insistentemente apelava para o juiz:
— Senhor Juiz, faze-me justiça, pois o sócio de meu falecido esposo se apossou da propriedade que me pertence e que é o sustento de meus filhinhos. Defende-me do meu adversário...
O juiz não cedia, até que um dia ele disse a si mesmo: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens. Mas, essa viúva não me dá sossego, sempre a importunar-me com o mes­mo pedido, sempre a suplicar-me justiça... Bem, eu não dou valor à justiça, nem me incomodo com as misérias alheias... mas, para que essa mulher não mais me aborreça, vou fazer-lhe justiça. ..“



segunda-feira, março 11, 2013

PROFESSOR LEONIL: EMÉRITO.



A Assembléia Legislativa do Amapá aprovou hoje um projeto do Dep. Michel, brilhantemente relatado pela Dep. Roseli Matos concedendo honrarias ao mérito do já tão naturalmente emérito Profº. Leonil Aquino Pena Amanajás. 
    
Na minha opinião esse projeto com origem de proposição e aprovação na Assembléia Legislativa e dos mais felizes e justos simplesmente porque a historia do professor Leonil passa fortemente por dentro do que há de mais consistente na trajetória de construção da educação no e do Amapá. Foi através dele que primeiro se chegou na educação superior instalada no estado. O Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP é o corolário primeiro dessa graduação superior, mas não só isso; também o SEAMA é filho legitimo do sonho de educar desse professor e, também tão importante quanto do seu talento e denodo empresarial. 
Foto Centro Faculdade SEAMA    


Desse modo, sem medo de errar, afirmo que os deputados que aprovaram esse projeto nos representaram muito bem.