No
fim da semana passada a crise mostrou-se por inteiro: ceifou cacifes político
do governador, do presidente da Assembleia Legislativa, de todos os deputados
que votaram o estranho projeto e maltratou de vez os professores estaduais.
Que
crise? De forma e de conteúdo, estabelecida a partir do que deveria ter sido um
debate democrático entre o Governo do Estado e o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação. O andamento que já estava ruim piorou com a entrada dos deputados na
“conversa de surdos”. Sem necessidade.
Como
assim se foi parar na Assembléia Legislativa o projeto do governo mandando
incorporar a Gratificação de Regência de Classe? Erro de forma, que os
deputados sabiam inaceitável. Ilógico, no mínimo ilógico um projeto tão significativo
e guerreado pelos professores desde o ano atrasado entrar na casa de manha aí
mesmo, em minutos ser votado e aprovado.
Ou
não é ilógico confrontar o maior sindicato do estado votando ao meio dia um
projeto chegado a casa minutos antes? A pressa evidenciou a crise de conteúdo,
ainda se questionará quando e como a CCJ da Assembléia Legislativa encaminhou o
voto em plenário. Pode ser - não seria anormal - que se encontre no Parecer da
Comissão de Constituição e Justiça uma peça jurídica que demonstre o erro dos
professores em reagir tão duramente ao resultado da votação.
O
tal Parecer pode até botar um grilo pousado nos ombros do professorado: se a
incorporação é legal e tão boa assim por que não tê-la feito bem antes?
Olhe-se
por que ângulo queira, forma e conteúdo da crise só tendem a agravar porque há
um espelho refletindo o desentendimento entre atores principais. Um pouco ali
atrás, quando dos grandes embates entre sindicatos e patrões públicos, no
comando das manifestações de rua dos trabalhadores sempre estavam lideres em destaque
como o vereador Clécio, o pré candidato ao Senado Augusto Oliveira e o deputado
estadual Randolf Rodrigues. Mais adiante o deputado Camilo se juntou ao grupo.
Assim,
hoje, o modus operandi dos trabalhadores em educação em luta por salário tem
origem justamente nesse espelho: Prefeito Clécio, Senador Randolf e Governador
Camilo. O SINSEPEAP é o mesmo de aquela época. As reivindicações também.
Portanto
seria necessário perceber que o lado perdedor nessa contenda também tem forma e
conteúdo. Momentaneamente parece que se impôs uma pesada derrota aos
professores, mas que não se estabelecerá se esses souberem compor com seus
alunos – não com seus pais.
Professores
unidos (mais alunos) jamais serão vencidos se guardarem agora seus
descontentamentos para colocá-los nas ruas um pouco antes das convenções
partidárias em 2014. Pode ser que lá os trabalhadores da educação protestem ao
lado dos policiais civis, que hoje parecem conformados com a decisão do
governo. Sabe-se que só parecem.
O
que Camilo, Clécio, Randolf, deputados da base aliada, PT, PSB, PSOL, parte do
PMDB precisam perceber é que a radicalização, por negativa de conteúdo, só pode
fortalecer o discurso dos trabalhadores estaduais.
Desponta
muito emblemático o ano eleitoral 2014, para alguns é melhor que ovos e tomates
continuem inacessíveis ao bolso desses trabalhadores.
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