O Brasil bom só para alguns vem de longe. Vindo e
vindo veio trazendo junto o Amapá que conhecemos hoje. Poder familiar no Brasil
é tão ou mais velho que os guaranis do descobrimento., no Amapá nem tanto.
Contudo, a “tese” é controversa a partir da
convicção elitista de que é graças a isso que o país saiu de a para c. Pode ter
sido, mas não por linha reta.
Saltando sobre séculos chegamos a um Brasil de dominados
encorajados à revolta, apenas duas para não estender demais: da Vacina em 1904
e da Chibata em 1910.
Em 1904 o povo quis defender nas ruas seu direito
de não ser tratado arbitrariamente pelo governo. A vacinação era uma
necessidade, mas por que vacinar as moças na virilha, bem junto da genitália? O
grito de guerra dos negros revoltosos era um recado para a historia: “Para não
andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar
que sabe morrer como homem!". O rescaldo pedagógico desse período se
resumiu na seguinte mensagem para a elite: “importante é mostrar ao governo que
ele não põe o pé no pescoço do povo".
A revolta da Chibata veio em 1910, como que para
consolidar a abolição da escravatura. Parece que a elite da época convencionou
o seguinte: a Lei da Abolição só vale em terra, sobre águas vale a lei do
almirantado, a da Marinha de Guerra: ¹-Os marinheiros nacionais serão quase todos
negros ou mulatos, mas comandados sempre por oficial branco. ²-O almirantado
decreta as seguintes punições para esses negros ou mulatos embarcados: “Para as
faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água;
faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e
cinco chibatadas no mínimo”.
Mas foi a crueldade da elite (militar sustentada
pela elite civil por sua vez blindada pelas armas) que fez desencadear a
revolta. O marinheiro negro Menezes foi punido não com vinte e cinco, mas sim
com duzentos e cinquenta chibatadas, na presença da tropa formada, ao som de tambores.
Ferira a navalha outro marinheiro a bordo.
Mas,
e daí? Seria possível tocar a vida política brasileira sem elite ou com elite
sem privilégios? Claro que não, a conjuntura exigia e comportava bem o que seria
a “política dos governadores”.
Simples:
as verbas públicas estavam nas mãos do Presidente da República, para com elas “negociar”
apoio, junto aos governadores dos estados e suas bancadas no Congresso
Nacional, em troca dos repasses de verbas do Governo Federal para os governos
estaduais e municipais. Sem o quê governadores, senadores, deputados, prefeitos
oposicionistas não conseguiam cumprir acordos feitos antes das eleições com os “coronéis”.
Pois é, nessa “viagem” o Brasil velho de guerra trouxe o Amapá de hoje, frequentemente referido por suas oligarquias... Capiberibe, Pelaes, Gurgel as mais evidentes.
Pois é, nessa “viagem” o Brasil velho de guerra trouxe o Amapá de hoje, frequentemente referido por suas oligarquias... Capiberibe, Pelaes, Gurgel as mais evidentes.
Mas, há controvérsia
se as temos instaladas ou não, o governo estadual seria pequeno para satisfazer
mais de uma. O povo, no entanto, vê sim o governo para poucos e quer, por isso,
desencadear revoltas: do Pregomin, do câncer, dos hospitais, dos credores, dos professores,
dos disso e dos sem aquilo - como já mostram
as ruas.
Falar nisso,
ontem, 13 de maio, no Amapá, quase não se ouviu rufar tambores pelos 125 anos
da Lei Áurea.
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