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terça-feira, maio 14, 2013

SOMOS ASSIM.


O Brasil bom só para alguns vem de longe. Vindo e vindo veio trazendo junto o Amapá que conhecemos hoje. Poder familiar no Brasil é tão ou mais velho que os guaranis do descobrimento., no Amapá nem tanto.
Contudo, a “tese” é controversa a partir da convicção elitista de que é graças a isso que o país saiu de a para c. Pode ter sido, mas não por linha reta.
Saltando sobre séculos chegamos a um Brasil de dominados encorajados à revolta, apenas duas para não estender demais: da Vacina em 1904 e da Chibata em 1910.
Em 1904 o povo quis defender nas ruas seu direito de não ser tratado arbitrariamente pelo governo. A vacinação era uma necessidade, mas por que vacinar as moças na virilha, bem junto da genitália? O grito de guerra dos negros revoltosos era um recado para a historia: “Para não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!". O rescaldo pedagógico desse período se resumiu na seguinte mensagem para a elite: “importante é mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo".
A revolta da Chibata veio em 1910, como que para consolidar a abolição da escravatura. Parece que a elite da época convencionou o seguinte: a Lei da Abolição só vale em terra, sobre águas vale a lei do almirantado, a da Marinha de Guerra: ¹-Os marinheiros nacionais serão quase todos negros ou mulatos, mas comandados sempre por oficial branco. ²-O almirantado decreta as seguintes punições para esses negros ou mulatos embarcados: “Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas no mínimo”.
Mas foi a crueldade da elite (militar sustentada pela elite civil por sua vez blindada pelas armas) que fez desencadear a revolta. O marinheiro negro Menezes foi punido não com vinte e cinco, mas sim com duzentos e cinquenta chibatadas, na presença da tropa formada, ao som de tambores. Ferira a navalha outro marinheiro a bordo.
Mas, e daí? Seria possível tocar a vida política brasileira sem elite ou com elite sem privilégios? Claro que não, a conjuntura exigia e comportava bem o que seria a “política dos governadores”.
Simples: as verbas públicas estavam nas mãos do Presidente da República, para com elas “negociar” apoio, junto aos governadores dos estados e suas bancadas no Congresso Nacional, em troca dos repasses de verbas do Governo Federal para os governos estaduais e municipais. Sem o quê governadores, senadores, deputados, prefeitos oposicionistas não conseguiam cumprir acordos feitos antes das eleições com os “coronéis”.  
Pois é, nessa “viagem” o Brasil velho de guerra trouxe o Amapá de hoje, frequentemente referido por suas oligarquias... Capiberibe, Pelaes, Gurgel as mais evidentes.
Mas, há controvérsia se as temos instaladas ou não, o governo estadual seria pequeno para satisfazer mais de uma. O povo, no entanto, vê sim o governo para poucos e quer, por isso, desencadear revoltas: do Pregomin, do câncer, dos hospitais, dos credores, dos professores, dos disso e dos sem  aquilo - como já mostram as ruas.
Falar nisso, ontem, 13 de maio, no Amapá, quase não se ouviu rufar tambores pelos 125 anos da Lei Áurea.

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