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Provavelmente
teremos no Brasil uma “era” pós Francisco, o Papa que acalmou um pouco as ruas
brasileiras. Essa temporada pós não é uma invenção sem pé nem cabeça, tem fundamento
científico e respaldo num grande ou maior instituto latino-americano do gênero:
Corporação Latinobarômetro, Ong com sede em Santiago do Chile.
Desde de
1995 que dados dessa corporação estão dizendo que o brasileiro não quer a
democracia. Não sei por que a imprensa brasileira não põe às claras esses números,
não abre sobre e com base neles o devido debate.
A face
demagógica da nação não perde oportunidade na mídia para apoiar as reivindicações que as ruas estão colocando dentro dos palácios: “é preciso
ouvir o clamor popular”. A verdadeira face nacional, no entanto, tem mostrado a
violenta (tolerada) ação de “vândalos infiltrados no movimento”.
Vejamos o
que disseram os números da corporação Latinobarômetro numa serie, de 1996-2004,
que avaliou o apoio popular à democracia em 18 países latino-americanos: 46%
dos argentinos e 33% dos uruguaios aceitavam um regime não democrático e no Brasil
esse numero estava em 54%. Mais preocupantes foram os números de aprovação,
satisfação com a democracia: 28% no Brasil, 34% na Argentina e 45% no Uruguai.
Costa Rica
apareceu como o país latino americano com o maior grau de satisfação, com 48%, o
menor coube ao Peru, com apenas 7%.
Aliás, sobre
isso e sobre esses números, em 2005 o Senador Sarney alertou os políticos sobre
a responsabilidade de que se achavam investidos.
Em 2011 o
jornal Folha de São Paulo discutiu o assunto a partir dos números publicados na
16ª edição da pesquisa Latinobarômetro.
Escreveu
o jornal: “...o índice de apoio dos brasileiros à democracia diminuiu nove
pontos percentuais de 2010 para 2011. A queda do apoio à democracia no Brasil (de
54% para 45%) é mais acentuada do que a média da região, que caiu de 61% para
58%, após quatro anos de aumento...”.
Os números
da Corporação Latinobarômetro são vastos, de fácil acesso e podem estar a
merecer melhor tratamento da imprensa brasileira. Dizem por exemplo que apesar de o Brasil ser
um dos países latino-americanos mais críticos em relação à democracia, 66% dos
entrevistados não apoiariam de forma alguma um governo militar. É o décimo país
da lista encabeçada pela Costa Rica, onde 90% rejeitam essa forma de governo.
O estudo
também mostrou que a reeleição é vista com bons olhos na America Latina, com
aprovação de 77%.
Hoje mesmo,
enquanto escrevia esse artigo, a televisão Globo demonstrou mais uma vez que é falsa,
arranjada, a acusação da Policia Militar do Rio de Janeiro contra um rapaz
chamado Bruno preso por “portar” uma mochila recheada de coquiteis molotov.
Um pouco
antes ou assim que o Papa Francisco deixar o Brasil as ruas brasileiras deverão
voltar a rugir: democraticamente contra a democracia?