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segunda-feira, novembro 11, 2013

AS FACES DA VELHICE


Ulisses Laurindo
A velhice quase sempre é recebida com maus tratos por uma sociedade insensata. Mas, apesar disso, convive, entre muitos outros, com dois lados significativos. O primeiro é a constante e inevitável perda de amigos na época da juventude, quando mantinham relação de amizade, desfrutando fraternos e saudáveis momentos. O segundo é a fase da experiência inalienável.
A perda de amigos que partiram para outra dimensão faz sofrer quem fica, sabendo, claro, que o caminho será o mesmo, dependendo só da passagem do tempo, na sua eterna imutabilidade. Na fase dita da experiência, a vida oferece ensinamentos que resistem há anos, baseados nos conhecimentos que, naturalmente, não são transferidos aos mais jovens, ou só quando eles embranqueceram seus cabelos.
A solidão não é carga para quem se sente só. Mesmo no meio de multidões, alguém pode estar solitário, carregando na mente as vivas lembranças de antigos parceiros.

A velhice recebeu dos sábios conceitos como o de Aristóteles – 384/322 Ac- em que a “cultura é o melhor conforto para velhice.” De Machado de Assis, a visão eternizada pelo escritor avalia “que a vida tem duas fases, infância e velhice, e que a felicidade está numa caixa de bombons.”
A experiência do segundo ciclo da velhice, jamais ignora os dons da sabedoria. Na Bíblia, no livro de Salomão, aparece que “a sabedoria é um mundo precioso, sendo necessária a todos para que governem com justiça nas decisões de cada dia”.
A sabedoria auxilia o sucesso pela vida a fora. Nem todos veem na sabedoria o caminho mais próximo entre duas retas, preferindo a ilusão de um futuro infinito, pensando no paraíso terreno, para cedo ou tarde se deparar com a velhice, aliás, privilégio de alguns. As lições dos idosos deveriam ser requeridas para diminuir os espaços das metas desejadas, mais precisamente, na ânsia da felicidade.
A ambição da juventude é atingir o sucesso pela posse de bens materiais, imaginando ser o único meio para as grandes vitórias.
O livre arbítrio, um bem de todos, usa da sabedoria para levar o passageiro ao porto seguro. O livre arbítrio, porém, induz à racionalidade, aquelas mesmas de Platão e Sócrates, representantes da inteligência humana.

O tempo da juventude pode ser aproveitado racionalmente, objetivando não apenas fins lucrativos e de mais posse, mas de valores essenciais à construção da vida.
A fugaz viagem da vida terrena deveria precipitar o aproveitamento da experiência dos idosos, com suas boas receitas. O que é a juventude? senão o estagio para a velhice. A cultura, como disse Aristóteles é um bem ligado às artes lamentando, porém, não ser ela ampliada para todos, pois mostra o caminho para se chegar à felicidade.
Outros valores existem em prol do tempo vivido na terra. O idoso, feliz ou infelizmente, participa de experiências que, de graça, oferecem a quem pede. Os idosos, todavia, não escapam da tristeza dos que partiram antes deles. Mas dispõe a dar conselhos para abrir o caminho da alegria.

 PS. Em outubro me chegou a noticia de uma das faces da vida: morreu no Rio de Janeiro, Mauricio de Lima Azedo, com quem convivi. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) defendeu a Imprensa até de onde pôde.

 

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