01/11/2013 -
02h47 - Folha de São Paulo
Exame evita biópsia de
próstata desnecessária
MARIANA
VERSOLATO
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
Um
novo aparelho que é posicionado entre as pernas do paciente pode evitar
biópsias desnecessárias na próstata, segundo um estudo do A.C. Camargo Cancer
Center.
O
hospital em São Paulo é o primeiro do país a usar esse exame na prática
clínica.
O
teste com o equipamento pode ser feito por homens com suspeita de câncer de
próstata que já se submeteram aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm
indicação para fazer uma biópsia.
O
objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento
invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina
e na ejaculação.
Na
biópsia, uma agulha inserida no reto colhe fragmentos da próstata do paciente.
A anestesia pode ser local (com sedação) ou geral.
Mas
apenas de 30% a 40% das biópsias são positivas para câncer --ou seja, a maioria
dos homens com suspeita da doença passa pelo procedimento invasivo
desnecessariamente porque o exame de toque e o PSA dão margem para incertezas.
Nos
Estados Unidos, estudos mostram que há cerca de 750 mil biópsias de próstata
desnecessárias por ano.
O
A.C. Camargo avaliou o equipamento em 150 homens durante 18 meses e comparou os
resultados do novo teste com os da biópsia.
Resultado:
o exame não invasivo teve acurácia de 90% em prever quem não precisaria ter
passado pelas agulhas.
Esses
dados serão apresentados no Congresso Brasileiro de Urologia, que acontece
neste mês em Natal.
|
Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncologista e
diretor do Núcleo de Urologia do A.C. Camargo, lembra que o novo equipamento
não substitui a avaliação clínica e o exame de toque retal nem faz diagnóstico
de câncer, mas funciona como um instrumento complementar na investigação da
doença.
"O exame de toque ainda é mais barato, simples e
indispensável para detectar outras anomalias da próstata."
O equipamento emite ondas eletromagnéticas que indicam
uma alteração na proximidade de um tumor.
A engenhoca foi descoberta por acaso pelo italiano
Clarbruno Vedruccio, que desenvolvia um detector de minas terrestres na década
de 90. Como ele tinha gastrite, percebeu uma queda no sinal quando o aparelho
se aproximava de tecidos doentes.
Segundo Guimarães, o exame também pode ser indicado para
quem teve câncer anal e não pode fazer exame de toque retal.
Para Lucas Nogueira, diretor do Departamento de
Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, a tecnologia é promissora,
mas mais estudos precisam demonstrar sua eficácia.
"Ainda faltam evidências de que esse teste seja
superior aos já existentes", diz. Há outra ressalva: o aparelho custa R$
450 mil.
Hoje, uma alternativa para filtrar melhor quem deve fazer
uma biópsia é a ressonância magnética, mas nem sempre a visualização da
próstata é satisfatória.
Há também o PCA3, um exame de urina feito após massagem
na próstata --ainda mais incômodo que o exame de toque.
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