CORRUPÇÃO
ZERO?
Depois
de amanhã, 21, através ADPF, a Policia Federal deverá conceder a outrem a sua
mais alta distinção: a Medalha do Mérito Tiradentes – há muita expectativa
nisso, mas pouca atenção das ruas para a lista de homenageados.
Não
diria que hoje a comenda vale mais que ontem, mas o quadro nacional está a
exigir que o ato e a comenda sejam, um criterioso outra um prêmio. A Policia
Federal tem quadros e meios para concede-la sem receios de cassa-la amanhã.
Quem
vai recebe-la sabe hoje que a escolha do seu nome é uma decisão da Policia
Federal pouco ou nada influenciada pela televisão, por exemplo. E tem a certeza
de que está levando para casa uma distinção duradoura, antes porque a PF é bem
outra, ao deixar para trás a ridícula busca por holofotes midiáticos e a desnecessária
exposição de pessoas a riscos de danos, morais e materiais, à imagem de
investigados, e posteriormente inocentados pela Justiça, e depois porque o povo
conhece um pouco melhor o “valor” da corrupção.
Se
nessa lista não houver nomes de pessoas que ocupam o escalão superior do
governo central, não terá sido por falta de avisos. Lá atrás, em 2003, o
lendário Delegado Geral da Policia Federal Paulo Lacerda, no discurso de posse,
“avisou” aos seus colegas policiais e ao governo em geral: “... sei que na maioria
honesta de policiais federais reside uma certa quantidade que costuma omitir ao
perceber eventualmente a desonestidade de algum colega. é a intolerável omissão
gerada pelo corporativismo, fazendo com que o transgressor se anime a novos
delitos, porque muitas vezes terá no colega o testemunho de que nada viu de
errado, servindo de escudo protetor ao policial-bandido. E ..... nesta administração
quero alertar a esses policiais que é preciso assumirem, não em parte, mas
plenamente, o valor da integridade e da postura ética”.
Só
para lembrar: a posse do Dr. Paulo Lacerda ocorreu em dependências do Palácio
do Planalto, em cerimônia presidida pelo Ministro da Justiça, mas conduzida pelo
próprio Presidente Lula.
Logo
a seguir a mesma Policia Federal deflagrou a Operação Sucuri, que resultou na
prisão de 22 policiais federais, quatro auditores fiscais da Receita Federal e
dois policiais rodoviários federais, em Foz do Iguaçu. Naquele momento as ruas
e parte da mídia pediram o “Corrupção Zero” – analogia ao Fome Zero.
Ainda
que com a pirotecnia agregada – a Globo teve importante papel nisso – seguiram-se
inúmeras operações policiais de combate à corrupção no país: Anaconda,
Gafanhoto, Praga do Egito, Operação Águia, Sucuri 2, Sanguessuga, Carga Pesada
e tantas outras; mas o “sistema” não se intimidou. Estava em curso, e não se interrompeu,
o Mensalão, o Petrolão, o Receitão e sabe-se lá a quantos mais ãos ainda viremos
a conhecer.
Quem
tem boa memória lembra que a Policia Federal fez diversas passagens por dentro
e ao redor do judiciário, umas na mosca outras nem tanto. Agora é tempo de Lava
Jato - mais centrada no juiz que na Policia Federal- nesse momento já na sua
quase decima quinta fase de investigação, bem mais cuidadosa para com a integridade
geral das pessoas a ela e nela referidas.
O
21 de abril tem muito a ver com a simbologia política nacional, além de muito
emblemático para as aspirações políticas naturais de Minas Gerais: Tiradentes
criou um referencial para o tamanho dos impostos cobrados ao povo; Juscelino Kubistchek
ensinou que o Brasil pode inovar, modificar-se para o desenvolvimento, acolher
seus cidadãos; Tancredo Neves consolidou nos brasileiros sentimentos fortes de
soberania e cidadania. Portanto, não é demais esperar que a Policia Federal se
refira a essa “simbologia” ao distribuir sua comenda nesse abril de 2015.
É
improvável, mas se o único homenageado desse ano for o Juiz Federal Sérgio
Moro, o “recado” será curto, grosso, oportuno e animador: corrupção zero.
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