Translate

segunda-feira, maio 11, 2015

MÃE QUE NÃO GEROU.


10 maio 2015
 
As festas para as mães, no segundo domingo de maio sempre a elas atribuído são bonitas, emocionantes e justas. Outra vez tive pequena participação numa dessas festas, e mais uma vez na igreja.
Tudo simples, desburocratizado, curto também. Maravilhoso ver uma mãe idosa conduzindo vagarosamente, com todo cuidado e carinho a sua mãe muito idosa à mesa da comunhão. Vi essa cena acontecendo na catedral São José, hoje.
Tenho minha mãe em Volta Grande-MG, décadas uma após outras que não estamos juntos num dia como esse, consagrado às mães. Mas temos nos visto uma vez por ano, dificilmente não nos falamos ao telefone pelo menos duas vezes ao mês. Tecnologias de comunicação tem me permitido vê-la, como dias atrás a vi num vídeo em que felicitava seu neto Danilo pela passagem de mais um aniversário aqui em casa.
Está envelhecida a minha mãe, fez diferença tê-la visto em 2014 e agora – fará 88 anos em julho. 
Tive e tenho mães por ai!  Em Volta Grande deixei algumas, a maioria já falecidas. Mas lá ainda está a “minha” mãe Dona Cidinha, já com mais de 90 anos, portanto, mais mãe que do que nunca. Rezei por todas elas hoje; como sempre fiz, agradeci a Deus por elas. 
A propósito dessa “minha” mãe Cidinha, por causa dela existiu outra, que não se casou, que não gerou: D. Estela. Ela e D. Cidinha eram o que só conseguimos explicar como “unha e cutícula”.
Lembro-me, brigavam muito. Mas não o suficiente para um dia sequer de afastamento uma da outra – o instinto materno as uniram por toda a vida.
O Lininho explicava essas brigas: “É assim que elas se entendem”.
Na seguinte medida D. Estela foi uma mãe como outra: Geisa era uma criança, caçula dos três filhos da D. Cidinha, e foi vitima de um trágico acidente automobilístico em que morreu a sua prima Myrian, e deixando a si com o fêmur fraturado.
Não chegávamos à Geisa sem passar pela D. Estela e só entravamos no quarto para ver a paciente depois da sua autorização. Não era excesso de zelo nem autoritarismo nem classificação das visitas, apenas decisões, gestos, olhares, coração de mãe que batia em seu peito.
Assim, desse jeito, D. Estela “adotou” muitos filhos... Deus a tenha também por isso.
Aqui tenho minhas ouras mães, professora Zaide é uma delas, dona Marina outra. Essa “minha” mãe Marina é de todas a mais comovente: vê em mim o filho quarentão que morreu anos atrás.
 O que eu sofro ela sofre, dói nela o que dói em mim, participo dos sonhos ou dos tormentos dela. Aos domingos, após a missa, que costumeiramente assistimos na Catedral São José, ela me abraça, chora, conta o que rezou e o que chorou por mim. Mas, eu sei, é por causa do filho que morreu e do seu coração que não quer deixa-lo morrer.
Já ficou muito para trás, mas lembro ainda com muita nitidez a singeleza de muitas homenagens que prestei às mães, especialmente com versinhos escritos e com algum enfeite que fizemos na escola. Particularmente lembro os que fiz para a minha mãe e para as minhas professoras mães. Até hoje vejo nisso imensa beleza e acho o máximo que as crianças ainda o façam para elas – as mães.       

Nenhum comentário: