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A experiência da ausência é realidade na vida das pessoas, não há quem dela não conheça um pouco. Se não sente a ausência de outrem é porque aqueles nada lhe importam, nenhum valor tem. A ausência, no entanto, nunca é total: deixa-se uns acompanha-se de outros.
Deu-se comigo, deixei as famílias paternas e maternas, amigos e conhecidos de até a juventude, e quase simultaneamente criei outras presenças em minha vida. E sofri pouco por uma e pela outra causa.
Esse turbilhão de entender, sentir e não compreender deve ser a realidade existencial de todas as pessoas, potencialmente mais para aquelas que como eu migraram para longe e por tanto tempo, quase definitivamente. Viver com isso não é fácil, sem isso é impossível.
É como um rio aparentemente desperdiçando suas águas, sua razão de ser, em rios maiores, no oceano – ao final tudo é água. Todavia, para nós “vitimas” das ausências, importa a grande parte da vida que levamos para saber o que perder o que ganhar. Tudo é água, a separa-la está a que é doce, salgada, salobra, limpa, poluída, inodora, insuportavelmente mal cheirosa, potável, encanada, livre.
Então, no caso das ausências e presenças nem tudo é água. Há, frequentemente, os que estão à sua volta e são ausência.
Decidi não ser sozinho, trouxe comigo as ausências como valores a me complementar. Muito frequentemente, quase diariamente, penso em minha gente. Mas dei de me torturar vendo a migração atual intensa para a Europa exibindo semblantes transparecendo culpa, perda, solidão... profundas. Ali não vejo semelhança entre os nossos sentimentos de ausência por havermos deixado atrás e distante os nossos espaços de pertencimento.
A experiência da ausência é realidade na vida das pessoas, não há quem dela não conheça um pouco. Se não sente a ausência de outrem é porque aqueles nada lhe importam, nenhum valor tem. A ausência, no entanto, nunca é total: deixa-se uns acompanha-se de outros.
Deu-se comigo, deixei as famílias paternas e maternas, amigos e conhecidos de até a juventude, e quase simultaneamente criei outras presenças em minha vida. E sofri pouco por uma e pela outra causa.
É que nunca fui capacitado
para a existência individual, praticamente todos os dias senti fortemente a
ausência dos que deixei para trás – não deixei que fossem apenas saudades,
transforma-los em valores foi o meu exercício de vida.
Não nego, andei confuso
por muito tempo entre o que me seria memória e ausência. Nessa “briga” de um lado
não me deixar ser um homem que não se reconheceria no tempo, num lugar e nos
rostos, de outro sentir perdida a companhia de gente querida, especial,
essencial, deixei abrir um vácuo existencial que muito doeu. Parecia que ficara
no passado a capacidade de viver, de ser feliz ou pelo menos de lutar pela vida
menos infeliz. Durou tempo demais!
De repente compreendi que
se eu me acostumasse à ausência, seria eu a não ter importância, seria aí sim apenas
memória- não os ausentes. Percebi que tinha aprendido muito pouco sobre perdas,
tão comuns ao ser humano. Enquanto isso me chegavam as notícias do falecimento
de parentes, amigos, conhecidos...constatações de fazer chorar. Porém, nem um
pouco mais dolorosas quanto a me ver esquecido por muitas pessoas que daqui as
lembrava todos os dias: eu não era importante para elas.Esse turbilhão de entender, sentir e não compreender deve ser a realidade existencial de todas as pessoas, potencialmente mais para aquelas que como eu migraram para longe e por tanto tempo, quase definitivamente. Viver com isso não é fácil, sem isso é impossível.
É como um rio aparentemente desperdiçando suas águas, sua razão de ser, em rios maiores, no oceano – ao final tudo é água. Todavia, para nós “vitimas” das ausências, importa a grande parte da vida que levamos para saber o que perder o que ganhar. Tudo é água, a separa-la está a que é doce, salgada, salobra, limpa, poluída, inodora, insuportavelmente mal cheirosa, potável, encanada, livre.
Então, no caso das ausências e presenças nem tudo é água. Há, frequentemente, os que estão à sua volta e são ausência.
Decidi não ser sozinho, trouxe comigo as ausências como valores a me complementar. Muito frequentemente, quase diariamente, penso em minha gente. Mas dei de me torturar vendo a migração atual intensa para a Europa exibindo semblantes transparecendo culpa, perda, solidão... profundas. Ali não vejo semelhança entre os nossos sentimentos de ausência por havermos deixado atrás e distante os nossos espaços de pertencimento.
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