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quarta-feira, março 23, 2016

BANQUETES REAIS.

c-bernardo2012@bol.com.br
Andei um tempo em palácio, fui uma espécie de secretário do governador, não do governo. De grande valia aquela oportunidade, ainda hoje me serve de freio ao que vai na mente e nas teclas. Uma lição que trouxe de lá: a satisfação do estômago apressa decisões favoráveis ao anfitrião e a seus interesses.
A coisa é assim, os jantares oferecidos pelos governantes são lautos e disputados. Participam deles os que ainda que de momento gozam do consentimento do poder, parecem pessoas sociais de alto prestigio e não raro aparecem em colunas sociais dos jornais, da mídia em geral.  
Tantas vezes vi isso tantas vezes comprovei quanto pode a satisfação do estomago facilitar a compreensão para assuntos não tão simples, antes nas gavetas e prateleiras da administração pública e da política.
Jantares “diplomáticos” são um perigo para a democracia, além de peso na bolsa popular. É tanto que a jurados a justiça não concede tal – quase não haveria absolvidos. Aliás, também não almoços e os lanchinhos ricos, fartos e diversificados comuns nas cortes que o povo sustenta com o que lhe tiram os impostos decididos pelo governo.
Os tempos não mudam os hábitos, aperfeiçoam. Agora mesmo em Brasília outro não é o tempo que não dos jantares estratégicos – de um lado o bacalhau, vinhos e azeites especiais, do outro, níveis também especiais de jurados. Há os que são do legislativo, como os há do judiciário e executivo. Por causa da agilidade dos meios de comunicação não se esconde mais quando e onde ocorrem esses jantares.
Agora mesmo a presidente Dilma da República Federativa do Brasil é generosa e por enquanto festejada anfitriã. Em seus jantares, desde os canapés à sobremesa, o sal e o açúcar se confundem num só paladar: apoio político. Como votar contra quem o alimenta?
Não sei se a presidente Dilma faz ela mesma a lista de convidados ou se corre o risco de apenas aprova-la à distância, bom seria que tomasse a si esse cuidado e colocasse nele muito rigor. Pode logo amanhã ver-se excomungada por haver servido comida salgada ou insossa a tão ilustres convidados.
Por uma ou por outra dessas hipóteses pode ser traída no executivo, perder votos no legislativo, ser condenada no judiciário.    

        

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