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quinta-feira, março 31, 2016

DA CANDINHA

c-bernardo2012@bol.com.br
Uma amiga, Candinha, me escreveu, mandou a carta em mãos. Foi enfiada na caixa de correios presa ao portão, razão pela qual não sei em que lugar foi escrita. Candinha cada um tem a sua, todas gostam de falar.
Acho que a Candinha está fora do país, é bem provável, ela andou falando mal da Dilma, dizendo que a presidente não levava jeito para usar bolsas Loui Vuitton. Se deu mal, deportada não foi, mas teve que sair de fininho para não bater de frente com a ala progressista do PT.
Abuso da Candinha, à época falei com ela: “só nisso errou várias vezes – disse presidente e é presidenta, invocou o símbolo máximo da finess para classificar Dilma como cafona que não sabe se combinar com adereço de luxo, foi demais né?”.
Chateou-se me deixando sem notícias esses anos todos do primeiro mandato Dilma (não disse primeiro governo), mas reapareceu através da carta, simpática e generosa. Em síntese fala da crise política atual no Brasil, reafirma o jeitão, aliás, a falta de jeito L. V (Loui Vuitton) da presidente, diz do deserto de nomes para ocupar ministérios depois da debandada, ainda que sem formação jurídica garante que o impeachment não é golpe, chama a atenção para o rigoroso cumprimento da lei na Lava Jato quanto ao não uso de algemas, especula um tantinho sobre o Sr. Eduardo Cunha, insiste num paralelo entre ele e o Sr. Renan, e chega a mim dizendo que eu deixe de ser bobo.
Olha um trechinho dessa carta da Candinha, remetida não sei de onde: “...volte a Brasília (veja que disse volte e não, vá) escolha um ministério, ligue para a Dilma e diga que vai ocupa-lo. Ela vai lhe agradecer, mas perguntará com quem está falando. Ao que você responderá: “candidato quase eleito à presidência ou secretaria geral do novo partido de sustentação ao que restar do seu governo”. Ela vai lhe perguntar ansiosa, que novo partido é esse. Ao que você responderá sem receio algum: “Partido do Ex PMDB”. Ao que ela prontamente lhe dirá: “fique onde está, o Dimas está levando o termo de nomeação aí., assine e aguarde a posse no posto”.
Essa Candinha é de uma sagacidade infernal, coberta de razão! Como é que percebeu tão inteiramente essa fragilidade momentânea do governo Dilma? Seria possível que Candinha estivesse no Brasil escondida em alguma redação de jornal? Desconfiei que sim, era possível que estivesse assessorando um desses bem informados redatores chefes de alguma grande revista semanal, pois ela, em outro trechinho da carta, abriu-me os olhos para outro grande avanço nacional no trato da polícia com o preso.
Escreveu em bem traçadas linhas: “Como melhorou a nossa polícia! não se vê mais presos algemados, estão prendendo gente diferente de nós, alguns deles recebem um estilista antes do “japonês” da federal e por isso aparecem sempre bem na televisão e nas fotografias dos jornais, perdeu-se o costume da gritaria e dos cutucões com o cano das armas, com apenas olhares (que nem a televisão capta) os presos põem as mãos para trás, caminham sem medo, às vezes até com sorriso no rosto”.
Não assiste razão a Candinha? Realmente a Policia Federal brasileira enterrou de vez aqueles rompantes europeus violentos de séculos atrás quando aqueles saíram pelo mundo colonizando, tomando terras, fazendo escravos. Bem aqui, debaixo do meu nariz, e não tinha ainda, antes da carta, prestado atenção nessa fidalga evolução da nossa polícia.    
Soubesse para onde remeter carta resposta à Candinha lhe escreveria apenas observando: “não seria a qualidade dos presos da Lava Jato?”.
Mas, cadê Candinha?! Pra quê misturar Loui Vuitton com presidenta!?     

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