Para Dany Catunda
Aqui e ali a vida foi
ensinando caminhos, especialmente me ensinando o quanto abrir as pernas para a
passada segura. Nem pressa nem pachorra...andar para frente, sempre.
E caminhando encontrei
pela via virtual a Dany Catunda, pessoa da qual nunca soube alhos e bugalhos.
Sobre ela só posso dizer pouco mais, que os canceres meu e dela deram causa a
que nos gostássemos um pouco e nos admirássemos bastante.
Quando a “descobri”
reconheci no semblante que a fotografia mostrava, uma pessoa bonita, de raro
sorriso suave e belo, porém acuada pelo pavor que o câncer a ninguém nega.
Eu já estava doente e
podia contar a ela das experiências que me haviam trazido resultados aliviantes
para as tantas situações aflitivas que o câncer e as situações de tratamento
trazem, que a uns esmaga a outros estimula a mais lutar. Gostei da Dany, ela
pedia ajuda com alegria e confiança contagiantes - a última grande conversa que
tivemos colocou entre nós a terrível leucopenia.
Depois, também virtual, conheci
a Dany mãe de corpo inteiro, mais bela mulher ainda. E logo a vi cheia de
amizades analógicas, com palavras e atitudes. Desde aí quis dizer-lhe da minha
devoção ao deus Hypnos, com toda sua “corte” de irmãos igualmente deuses. Ele,
Hypnos, deus da sonolência. Nunca do cansaço. Nunca da fatiga.
Muitas vezes desejei cair
em sonolência e após ela, ressurgir nos braços de Hypnos como um grande
hipnólogo, capaz de chamar o germe do câncer às falas, manda-lo às favas de
sorte a deixar novamente limpo o corpo infectado. Antes que o conseguisse Dany
manda dizer que está curada, Deus justo e poderoso se antecipou aos do Olimpo e
ao charlatão que desejo ser, mandando às favas o germe canceroso que insistia
em profanar seu corpo indefinidamente.
Saiba a Dany que prossigo
na escola de Hpnus, já fui além das lições que ensinam sobre a sua família,
principal requisito ao acesso à excelente hipnose. São irmãos do deus Hypnos os
igualmente deuses Tânato, deus da morte; Éter, deus do céu; Hespérides, deusa
da tarde; Filótes, deus da amizade; Geras, deus da velhice; Momo, deus da
alegria e do escárnio; Oizus, deus da miséria; Nêmesis, deusa da vingança;
Kera, deus do destino do homem em seus momentos finais; e, Moros, deus do
quinhão que cada homem receberá em vida. A próxima e última lição diz respeito
à esposa Eufrosina e aos filhos, deuses evidentemente, Morfeu – deus dos sonhos
bons ou abstratos; Ícelo – deus dos pesadelos; Fântaso – criador das quimeras e
devaneios que aparecem nos sonhos e ficam na memória; e Fantasia, única filha –
deusa do delírio.
A partir daí, caríssima
Dany, não mais apenas quanto você, vou chegar ao germe do câncer instalado em outras
pessoas também bonitas, dando ordens:
-Brilhe três vezes –
brilhando estaria ao meu comando.
-Saia desse corpo, vá para
o Himalaia, quanto mais lhe mande acordar mais hibernará. Quando depois de
duzentos anos assim hibernado vá a Oizus, Nêmesis, Tânato e pode também buscar
Ícelo, desde que neles permaneça para sempre.
Dada essas instruções, que serão ordens, daria o
golpe final: et quod dico.
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