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Cada
cabeça um mundo desconhecido a conhecer, quantos lá na China!? Até aprender
mandarim.......mas que nada, aparecer com o que estava oculto, mostrar-se,
revelar-se, são funções da palavra. Difícil calar-se ao papel em branco com
tantos jornais falando da Lava Jato, de um ex presidente quase em fuga e de
mais e mais gente delatando. É ler.
Quanto a escrever, elejo a lua - não a dos namorados – mas a cabeça da terra, essa sem a qual os dias e as noites não durariam mais que uma ou duas horas. Titânicos esses mundos em que a atração magnética de um pelo outro explica a pachorra com que giramos no espaço – vinte quatro horas, trezentos e sessenta e cinco dias.
Quanto a escrever, elejo a lua - não a dos namorados – mas a cabeça da terra, essa sem a qual os dias e as noites não durariam mais que uma ou duas horas. Titânicos esses mundos em que a atração magnética de um pelo outro explica a pachorra com que giramos no espaço – vinte quatro horas, trezentos e sessenta e cinco dias.
Sempre
olhei para a lua, perguntei milhões de vezes o que ela fazia ali que não fosse
pela luz noturna, que não fosse pelos namorados, que não fosse pelos
poetas...agora sei, mas não foi ela a responder.
Antes,
alheia ao que me doía, a lua criou em mim a ansiedade que me afasta do mundo
real – aliás, ansiedade e dor são o meu particular vale das sombras. Aí
praticamente não raciocino, é quando mais erro se insisto. Shakespeare em Hamlet
disse: “Sonhar, aí está o obstáculo”. Disse-o melhor o nosso Mario Quintana:
“Sonhar é acordar-se para dentro”.
Mas
não são apenas ansiedade e dor, os ícones penosos da minha existência – sou um
mundo. Aliás, cada cabeça é um mundo. Agora mesmo ando no mundo dos poetas,
especialmente esses virtuais que me oferecem seus poemas ou me lembram letras
de poetas imortais. Já disse que durmo pouco, tenho horas e silencio infindos
ao meu dispor, em mesma medida que poemas desses meus amigos entram sem parar
na tela do face book. Vou com eles noite a dentro, afinal, segundo Jean Cocteau,
“poemas são ânforas cheias de silencio”.
Uma
cabeça um mundo, logo não há poema ruim. O que há neles que não sejam
fragmentos de um mundo que não conhecemos inteiramente? Ou, de outra forma, o
que há nesses mundos expresso em poema que não deva propagar-se até a franja
pioneira dos outros mundos? Afinal, somos mais de seis bilhões de cabeças.
Houve
um tempo, aqui mesmo no Brasil, que uma criação poética saída da cabeça do
compositor Noel Rosa só chegaria aqui em Macapá vinte trinta dias depois. Três
dias para jornais de São Paulo chegar ao Rio, mais dias para os do Rio de
Janeiro alcançar Belo Horizonte. Agora põe-se a virgula e já do outro lado do
mundo tem alguém ansioso para ver onde no texto cairá o ponto parágrafo.
Não
se deve perder esse tempo de ler e escrever tudo, especialmente os que como eu
trocaram a luz da lua pela luz da tela do computador – é no face book onde agora
habitam santo e dragão lunares.
Os
tempos estão adversos para poetas e escritores, pois, no atacado, as pessoas não
gostam de ler. Alvíssaras, criam assim razão para letras e mais letras nas redes
sociais, pois aí está a incrível velocidade com que se dá a comunicação. Há o
varejo dos que fazem com gosto uso das letras em palavras: cada cabeça um mundo
desconhecido a conhecer, aparecer com o que estava oculto, mostrar-se,
revelar-se, são funções da palavra.
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