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sábado, maio 28, 2016

BRIGA PELA CULTURA?


De certa forma foi interessante – ou está sendo – o bate-boca nacional sobre o status administrativo da pasta de cultura: tem que ser ministério, não serve secretaria. Sei não, muito me engano ou tem enorme pote de ouro no fim desse arco-íris. Foi muita briga pelo botim.
Mas o bate-boca pode ter sido a marca de um novo tempo no Brasil, a começar por ordenar o desenvolvimento nacional à luz da cultura, transpondo dela para o fazer cotidiano a marca que nos tem faltado para melhorar a vida e baratear a sua qualidade.
Ao tempo da preparação dos seus apóstolos Jesus usou exaustivamente a cultura para fixar seu evangelho no coração dos homens, ensinava com o recurso das parábolas, que se fundamentavam na forma de vida das pessoas daquela época – a parábola O Bom Pastor é exemplo acabado dessa pratica.
Na região em que viviam predominavam os desertos, mas também os rebanhos e os pastores. Aqueles não eram donos de terras, não havia cercas para separar rebanhos especialmente quando conduzidos a sítios do deserto onde houvesse surgido pastagem e água. A essa noticia todos conduziam para aí os seus animais, em franca maioria ovelhas para sustento e vestuário.
Pastores e rebanhos permaneciam ali pelo tempo de duração do pasto para os animais, depois cada pastor usava o seu código gutural para separar suas ovelhas, apartando-as das demais. Não havia briga nem roubo nem enganação, as ovelhas conheciam seus pastores e estes a elas. Eles falando e elas balindo tomavam um novo rumo em segurança.
Ainda hoje, no deserto da Nigéria os vaqueiros nativos, cultos, sabem determinar onde tem chance de haver água subterrânea. Aí cavam muitos poços rasos, encontrando a água constroem ao lado cochos toscos onde as vacas vão beber, põem-se dentro dos poços e trabalham freneticamente transpondo ao cocho água que só serve aos bichos.
Em aparente confusão gutural cantam, assoviam, produzem sons peculiares aos quais o rebanho está condicionado, que chega e bebe sem avançar na água alheia.
Então, sabendo bem disso, Jesus se valeu da cultura dominante para dizer de si e da evangelização que veio fazer: “Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas e elas a mim, à minha voz, seguem-me”.  
Mas não só, de muitas outras praticas culturais da época Jesus lançou mão para se fazer entender, como demonstram tantas citações ao trigo, à uva, a celeiros, a vinhateiros, a figueiras, ao joio, à jumentos, camelos, dromedários, sementes, terras boas e nem tanto para o cultivo; também à dança, musica, festas, pesca, navegação, moedas, templos, palácios.
Na politica brasileira de hoje há mais joio que trigo, no Ministério da Cultura mais servos maus que bons, mas ao que parece a cultura caiu no gosto de todos. Quem sabe não tenha chegado o tempo de cortar e atirar ao fogo a árvore que não dá fruto: a Lei Rouanet.



 



 


segunda-feira, maio 16, 2016

JURISPRUDÊNCIA ESQUISITA.

Algumas coisas são inacreditáveis, mas explicáveis – há o caso do roubo de um elefante. Talvez já tenha falado disso algumas vezes, mas não custa voltar ao caso do Fininho e do circo de onde ele afanou um elefante, a estrela da companhia, à luz de um dia, de pouco movimento.
A ideia de se apoderar daquele elefante foi amadurecida a certo preço, todos os dias o Fininho ia ao circo, de dia para estudar o jeitão do animal e rotina do tratador, às noite de espetáculos para tornar-se insuspeito do roubo.
Certo dia contratou um caminhão adequado para o transporte do bicho e o mandou estacionar bem adiante da porta de saída do circo, era tardezinha de segunda-feira, único de descanso para toda trupe., quase sem vida no circo.
Fininho foi ao animal sem vigilância, disse-lhe algo bem próximo de uma das orelhas, deu-lhe macias pancadinhas com um bastão à altura dos joelhos e com isso puseram-se em movimento normalmente – foram saindo do circo.
Ao se aproximar do caminhão, de rampa abaixada pronto para o embarque outra vez Fininho falou algo bem próximo de uma das orelhas do bicho, deu-lhe vigoroso cutucão de bastão na axila, fez como que o empurrando e, com isso, o enorme elefante foi se acomodar na carroceria do caminhão baú. Fechada a porta foram-se dali. As pessoas que viram as manobras julgaram tratar-se do amestrador do animal procedendo conforme ordens do circo – simples assim.
Inacreditável? Mas foi como expliquei. Quando a espantosa noticia do roubo do elefante se espalhou o próprio Fininho foi instado a ter uma opinião sobre o assunto, pois assíduo que era ao próprio circo: Elefante? Que elefante?
No Rio de Janeiro, ainda hoje, está um caso bem mais difícil de acreditar e explicar. É tanto que se não aparecer por lá uma força tarefa análoga a Lava Jato, o caso continuará na escuridão e seguirá envergonhando o sistema judiciário estadual.
Desapareceu por lá a uma só vez centenas de milhares de toneladas de aço, vigas enormes, da sustentação do complexo elevado de ligação rodoviária Mauá-Tiradentes, na orla portuária da cidade do Rio de Janeiro.
A astucia do Fininho aplicada como “método” ao roubo do elefante custou desmoralização geral na cidade, inclusive a ele próprio por ter devolvido o bicho também à luz do dia, mas lhe rendeu comutação de pena como reconhecimento ao talento para roubar.
Pode estar aí irrefutável jurisprudência para o caso do aço no Rio de Janeiro, que para ser roubado requereu imensos guindastes para embarque e desembarque, dezenas de grandes carretas abertas para o transporte da carga, batedores profissionais para abrir passagem no trânsito intenso da cidade a qualquer hora do dia ou da noite, e indescritível operação de desembarque e escondimento das muitas e imensas vigas roubadas.
Esclarecer o roubo é também o caso de honras, clarinadas, busto de aço e discursos públicos para enaltecimento do ladrão com tanto talento. Dá de mil em qualquer ladrão apanhado na Lava Jato.