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terça-feira, agosto 16, 2016

NEM ESPOLETA...

Que importância tem eu ter vivido dois processos de impeachment de presidentes brasileiros? Não sei, lá adiante pode me valer mais do que vale agora. Por hora instou-me conhecer um tanto mais sobre a pouca ou muita importância do presidente no presidencialismo.
Segundo a imprensa e o cerimonial palacianos um presidente vale um monarca de reinado de quatro anos. Falou está falado, cumpre quem tem juízo – assim pensamos que o seja, súditos que somos.
Em uma das vezes em que estive na sala de visitas de sua casa na Hernestino Borges, embora não o estivesse dizendo a mim, o Presidente Sarney dizia a seus interlocutores diretos sobre a solidão do poder: “o poder é solitário, há solidão no poder”. Isso ainda vai dar em livro.
A partir do que ouvi do ex presidente Sarney passei a me interessar pelo assunto Presidência da Republica, mas já me prometendo nunca exerce-la - é menos que o reinado da rainha da Inglaterra., bem menos.
Para consumo externo o presidente é um absolutista, só pode detê-lo o impeachment, na pratica, no entanto, é manipulado pelos partidos que plantam os ministros na antessala presidencial. Assim, o presidente, por manipulação ou  absolutismo acaba sofrendo impeachment, como ocorre a Presidente Dilma Rousseff. Chegou a ela a solidão do poder, daqui em adiante terá assessores e “assessores” para ajudá-la a guardar alguns segredos de estado. 
Para não diminuir o glamour ao redor da Presidência da República, políticos profissionais transformam o processo de impeachment, aí sim, em algo cheio de simbolismo e realeza. E fá-lo arrastar-se por meses, verdadeiro “período caviar” para a imprensa, para as mídias, para o mercado e marcadores, para o sucessor.
Difusamente está no próprio rito do impeachment a arte de fazer sangrar quem está saindo – não basta perder a cadeira dourada, é preciso curvar-se ao seu peso.
Antes de Dilma foi Collor! Ainda ontem, na muito bem planejada Seção de Pronúncia um dos cinquenta e nove votos “fora Dilma” foi do senador Fernando Collor de Melo: "Constatamos que o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política, pelo desleixo com a economia de um país, no aparelhamento do estado que o torna inchado. Nas obstruções de ações da Justiça...”.
Nesse momento, ainda na condição de presidente afastada, Dilma está só, à exceção da fleuma de meia dúzia de senadores e senadoras que todos os dias se repetem na Tribuna do Senado em defesa da tese de que ela, Dilma, não cometeu nenhum crime - penas ao vento, a presidenta já foi descartada até pelo seu “criador”, o ex presidente Lula.
Para o caso da quase ex presidente Dilma a solidão do poder doeu-lhe mais fundo, porque seu afastamento foi profissionalmente ignorado pelos militares, que não emitiram o menor grunhido – nem uma linha escrita para chamar de nota da caserna.
E nisso está a frustração dos governistas petistas dilmistas: apear-se do poder sem nenhum tiro, sequer um estalo de espoleta.

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