Translate

domingo, agosto 14, 2016

O MEU CASO DE AMOR....

Alguém que viva como eu, ou porque não dizer, tanto quanto eu, já testemunhou muitas histórias bonitas de convivência entre duas pessoas, os tais casos de amor. Agora mesmo, em julho, estando em Volta Grande soube do falecimento e velório do Sr. Camargo e não pude deixar de oferecer um testemunho à sua memória: lindo caso de amor entre ele e a Professora Maria José, certamente namorados desde os anos 1940, sempre um para o outro – ele morreu com mais de 90 anos e a deixa em mesma idade mais ou menos.
De vários outros casos assim ouvi falar ou li nos livros nas revistas nas paredes no tronco de arvores, em faixas atadas a aviões com as inscrições “Maria eu te amo”, ou “José eu te amo”. Ou então helicópteros despejando nuvens de pétalas de rosas sobre o amor de duas pessoas.
Tudo isso vi até com certa profusão, até que no dia 15/12/2006 fui à igreja Jesus de Nazaré, aqui mesmo em Macapá, assistir ao casamento do Fabio José dos Santos com a Luany Favacho. A ornamentação da igreja era solido sinal de que fora engalanada para quem verdadeiramente se ama e tem dinheiro. Flores brancas, laços brancos, livreto litúrgico da cerimonia matrimonial que se daria, em tons cinza, fotos dos dois sobressaindo em cinza mais claro na capa, uma peça grande, medindo 31,5 x 22,5cm .
E eu chorando copiosamente, do nariz escorria uma emoção quase dolorosa, os olhos exsudavam lagrimas à conta do inacreditável: Luany ia mesmo se casar com o Fabio.
Naquela igreja poucas pessoas conheciam o drama e a história de amor puro que as duas famílias decidiram levar ao casamento numa igreja que ainda decretava: “que o homem não separe o que Deus uniu”. Os cânticos eram os mais bonitos, foram ensaiados com esmero e entregues a músicos profissionais.
Fabio, poucos meses antes do casamento tivera um diagnostico de câncer Linfoma não-Hodgkin. A noiva, muito jovem, tinha excelente padrão de vida financeira e ele nem tanto. Normal não seria, mas aceitavel sim que o casamento entre eles fosse desfeito ou pelo menos adiado. Por decisão dela, da noiva, haveria como houve o casamento....de fazer chorar um banco de igreja.
Poucos dias depois começou a vida dura do Dr. Fabio, que é advogado – médicos, hospitais, viagens, gastança, remédios, dor, ansiedade, medo, amor pela esposa, amor da esposa, angustia da família, tempo e mais tempo apenas para a doença.
Depois Fabio se fez vereador para a Câmara Municipal de Santana, e a presidiu. Vimos o Vereador Fabio imolando-se na cadeira de presidente dando de si o que ele entendia ser a sua contribuição ao povo enquanto tinha forças, vida em suas artérias. Inexorável o avanço do câncer.
Hoje me veio noticias do Dr. Fabio: está morrendo de câncer e de amor. Já não consegue falar, pode estar nos seus últimos dias, mas quando murmura pede aos cunhados que cuidem bem do seu filho, único filho com a Luany. Não faz esse pedido em presença dela, porque se amam como antes.
Choro enquanto escrevo pelo mesmo motivo de quando entrei dez anos atrás na Igreja Jesus de Nazaré para assisti-los casando-se. Estava ali o meu caso de amor - “Deus deu a eles um filho lindo”, disse-me ao final da conversa o vereador Acacio Favacho, seu cunhado.
O Evangelho do dia, dez anos atrás, quando se casaram dizia: “...o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne”.

Nenhum comentário: