A
mídia nacional amanheceu espargindo baba, pelo menos a mídia que ontem apostou
na decisão liminar do ministro Marco Aurélio de Melo, do Supremo Tribunal
Federal mandando afastar da Presidência do Senado e do Congresso Nacional o
senador Renan Calheiros. Essa parte raivosa da mídia nacional não gosta do
Renan, considera que seu lugar é na cadeia e não no parlamento nacional.
A
Justiça nacional vem dizendo que Renan tem contas a ajustar com a justiça.,
aliás contas acumuladas que dão ao Renan de hoje o contorno de perigoso criminoso
solto pelas ruas junto com criancinhas. A Justiça juntamente com essa parte raivosa
da mídia nacional, deixou de punir o Renan a cada crime atribuído a ele até que
chegasse à incrível marca de mais de dez processos contra si no próprio Supremo
Tribunal. Judiciário e mídia, assim, acomodaram o Renan criminoso do jeito que
deu no precioso campo da impunidade que até antes do Juiz Sergio Moro e da Lava
Jato era uma certeza para a turma do “sabe com quem está falando”.
Praticamente
toda a mídia nacional considera Renan como um dos ainda “coronéis” da politica
nacional, e quando pode o coloca acima dos tantos coronéis das igrejas, da indústria,
das empreiteiras, do crime organizado e desorganizado, do judiciário, do
ministério público e até dos “gerentes” de lixões Brasil afora e adentro.
Renan
em sua defesa pode até dizer que espera ansiosamente suas chances de se explicar
e se defender das tantas acusações perante a própria justiça....por que não o
levam aos tribunais? Marco Aurelio e todos que o apoiaram na intenção de
faze-lo no caso atual erraram na origem e por isso ficou a impressão de que
Renan se sobrepôs à ordem jurídica nacional.
Durante
e depois da votação sobre quem pode e quem não pode permanecer na linha
sucessória da Presidência da República não restou duvida de que réus não podem estar.
Ponto! Porém, duvidas também não restaram de que o caso, por enquanto, quase se
esgotava nessa conclusão. O quase correu a conta de um instituto interno do
próprio STF, ícone e dogma, que é o direito de Pedido de Vista ao dispor de
qualquer ministro da casa em qualquer assunto. Instituto esse que quando em exercício
coloca sub judice o assunto em andamento...qualquer assunto.
Disso
sabia sua excelência o ministro Marco Aurélio e sobre isso nunca houve ignorância
da parte dos destacados representantes da grande mídia nacional. Nem da pequena
mídia, essa em que me vejo de vez em quando.
Assim,
os “erros” do Renan, como por exemplo, recusar-se a receber a notificação
judicial, entrou para baixo do guarda-chuva popular: “uma coisa puxa a outra”. Ademais,
ao contrario de manifestações contundentes como a do jornalista Ricardo
Boechat, não há uma Constituição para o Renan. O que há e o que houve foi
contornar um erro de um ministro do Supremo Tribunal Federal contra a figura do
Presidente do Senado e do Congresso Nacional, que só chega a esse cargo
mediante duas eleições constitucionais: pelo eleitor e pelos senadores eleitos.
Afasta-lo
daí não é, em principio, prerrogativa do Poder Judiciário, por usurpação de
prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo. Gilmar Mendes é também ministro
do STF, colega de Marco Aurélio quase de mesma cadeira no plenário, e mesmo
assim foi ele quem falou em impeachment do colega pelos erros cometidos. Aliás,
duvidoso que Marco Aurélio atropelasse um pedido de vista do ministro Celso de
Melo, como achou fácil faze-lo com o direito do colega “caçula” Dias Toffoli.
A
mídia raivosa cuidou de abafar essa opinião do ministro Mendes, aliás, polemico
sempre, mesmo assim ministro antigo da casa. A mesma mídia sabe que desde o
Mensalão que o STF deixou de ser o de antes para quase se transformar num
partido politico. Tempos difíceis vive o Brasil, até a sabedoria popular anda
confusa: como um erro não justifica outro se uma coisa puxa a outra?
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